quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Morro III, o lado escuro




Quase desisti de escrever sobre "o outro" Morro, mas acabei achando que é mais que um desabafo. Não pode ser bom o que começa com o ruim, e tudo começou com o assassinato de um veranista por outro; nem quero entrar no mérito das razões (?) e motivos. O fato. A morte. A casa do morto, vira Pousada; outro imita, e outros seguem. Se alastra feito peste e bota pra correr os nativos pescadores. Alguns dinheiros oferecidos e quase todos perderam suas casas, onde surgiram mais e mais pousadas. Construiram sobre o rio, nas encostas, sobre as pedras; ligaram a Ilha da Saudade ao continente, agora é um apêndice da Segunda Praia. Até a Casa Rôla virou Pousada Palmeira. A ponte de madeira se endureceu de concreto, quente como o inferno. Não se pode mais andar descalço, queima o pé. Encheram o riacho de bosta, a Fonte Grande é um penicão. Um nativo enlouqueceu, cata pauzinhos pelo chão. Atrás de cada coqueiro um nariz grande denuncia a presença de um hermano. Agora há luz, mas falta água limpa. Me cobraram $ 6,00 para sair da ilha! Não há mais badejo. O peixe, congelado, vem de fora pois se nem pescadores há mais...Hoje são centenas de pousadas, não consegui saber o numero certo, ninguem sabe. Quem é dono, mora em suas casas e os trabalhadores importados? Para eles surgiu o sugestivo Buraco do Cachorro, um bairro (?) enorme, amontoado, nas encostas, nos fundos da Fonte Grande, sem saneamento nem urbanização possíveis. O que conta é a grana que os hotéis ganham. O Morro? virou um time: Morro Que Se Foda Futebol Clube. E ainda vi cartazes de propaganda do atual e ex-prefeito e mais um que também quer ser, espalhados pelos cartões postais. O Morro continua lindo; visto de longe.

fotos: bg 1. Fonte Grande 2. Poema/denúncia postado na parede de um beco da Biquinha.

5 comentários:

Meninha disse...

Sempre que posso ir no Morro "coloco" aqueles tapa-olhos que se usam em cavalos para não "enxergar" essa sujeirada toda para não perder o encanto de antigamente. É triste ver no que se transformou o Morro de São Paulo.

Anônimo disse...

Tb fico arrasada qnd me lembro de como era, e de como é agora, mas não sei, este lugar ainda tem uma coisa especial, uma magia que não consigo explicar. De qualquer forma, qnd entro na minha casa e vejo o sol se pondo, ainda penso em como é bom isso aqui.
Bjs

Anônimo disse...

ooops, não era pra ser anonimo, mas não é que me esqueco como fazer para postar?bjs. Lua

Anônimo disse...

lembra meu comentário na publicação anterior? nem querro passar na porta deste morro.

vera disse...

Gordo!A serie morro está linda!
Estou as gargalhadas.
Voce tem certeza que não fui eu quem paríu Luana?
As maluquices são identicas.
bjos

xeudizer:

anotações livres, leves, soltas