terça-feira, 27 de abril de 2010

Bandeira Branca





Fim do pugilato; joguei a toalha. Retiro-me com a elegância do lutador que reconhece maior eficácia nas armas do adversário. Sangue foi prometido e quem tem, mesmo sadio, tem medo. O japonês aí veio como um kamikase e eu não tenho o menor talento para a tragédia, como a do jovem Werther, ( meu Deus, como posso saber disso? ) que estourou os miolos com a arma trazida pela mulher que amava; e ainda poupo os demais leitores de seguirem o funesto exemplo daqueles que se impigiram o mesmo fim ao lerem o livro de Goethe. E olhem que os sofrimentos do jovem Werther eram os da alma, não uma prosaica hemorróida trombosada.

Fim.

"Ao vencedor, as batatas! "

bandeira em amigosdoencontropelapaz.com

segunda-feira, 26 de abril de 2010

As hemolóidas


Quando eu era criança, imitava alemão repetindo bem rápido a seguinte frase:

HEMORRÓIDAS ARDEM E DOEM.

Tente fazer o mesmo e sinta como parece a lingua de Goethe. É um barato e foi meu primeiro contato com as varizes anais, também conhecidas como cachos de uva no rabo. O segundo foi ouvir que "fulano está com as hemorróidas de fora" quando os mais velhos se referiam a quem estava nos cascos*! Aprendi depois, como médico, o nefasto efeito sobre a psique humana, causado pelas bolotas no fiofó*. Ninguem fica impassível quando lhe arde o furico*. Daí que estaremos sempre atentos aos transtornos coléricos dos que apresentam penduricalhos no franzido roxo*.

Tudo isso apenas para explicar aos nossos leitores, o piti que o dono das mais famosas HEMOLÓIDAS de Sumpaulo, quiçá do Brasil deu, ao tomar conhecimento de que no Nordeste existe uma entidade aporrinhativa* chamada chorink, que se trata de uma torneira aluída*. Ora, o desconhecimento do hemoloidálio senhor sobre as quizilas* nordestinas, poderá levá-lo a me processar se souber que, por nossas bandas, tereza é corda de bandido em fuga, elza é baculejo* e celson nada mais é que o apelido que damos aos botões que saltam dos fundilhos dos incautos. Portanto, nem pode existir uma terceira entidade chamada celson chorink, afinal "torneira aluída com hemorróidas" nos parece absurdo.

Temo que estamos, na verdade, frente a um sofredor com sério problema de identidade quando se confronta com a letra "Nê"*.

Em tempo: remédio caseiro ( e infalível ) para tratamento de hemorróidas: levar sempre consigo, uma semente chamada "cabeça de frade". Quando surge o ataque, rala-se a semente no chão e, quando estiver bem quente, encosta-se na tripa. Sobe um cheiro de meninico* mas é trancham*.
* para melhor entendimento, recomendamos o Dicionário de Baianês de Nivaldo Lariu.
gravura de um japonês sendo examinado por um médico, in fotolog

quinta-feira, 22 de abril de 2010

A palavra é: (VIII)


Palavra enviada ( opa!) por meu poeta preferido, Nilson Pedro

CORNUCÓPIA

Irmão gêmeo de corno, tá na cara. A palavra caiu no uso popular, e se estendeu a todos irmãos não gêmeos, primos e até mesmo amigos de um corno. Quando queremos ser civilizados, para não ofender alguem, nos referimos a um parente/amigo de um determinado e reconhecido chifrudo de forma indireta: "- Fulano, cornucópia de Sicrano ( este sim, o galhudo)..." E fica todo mundo bem.

A origem desta palavra é bastante interessante: os incas já a utilizavam com a mesma e rigorosa significação, e a pronunciavam AIPÓCUNROC, que vem a ser a nossa conhecida, ao contrário. Não é curioso?

Para Jana:

CHORINK é uma torneira aluída, que pinga eternamente. Não tem conserto.


foto em: blogdasgajas.blogspot.com

quarta-feira, 21 de abril de 2010

A palavra é: ( VII )

Dia de palavras eróticas. Ivonete me pergunta: o que significa

METALINGUAGEM?

Sinto muito se vocês pensaram que era outra coisa a não ser o que o próprio nome sugere. Mais direto, impossível, quando se aconselha a quem pede sugestão do que fazer na hora H. Sem maiores comentários.

E Luli me saiu com esta:

LUCUBRAÇÃO

Desculpem, mas não me sinto confortável em descrever aqui o significado desta palavra. A primeira vez que a li foi numa espécie de Kama Sutra do Vietnam, ou Laos, sei lá. Havia uma gravura ( ainda bem que não puseram foto ) que causa agonia a quem vê. Apesar de se tratar de uma prática sexual normal lá pra eles -é compreensível por se tratarem de pessoas de pequena estatura, não consigo imaginar alguem por aqui ou na África*, capaz de suportar tal atividade.
* africanos e descendentes tem bração enorme.

Sem foto ou gravura, por motivos óbvios.

A palavra é: (VI) pra não confundir Chorik


Parece que não terei mais sossego, pegou mesmo esse negócio das pessoas me mandarem palavras atrás de verbetes. Perigas mesmo rolar um dicionário muito próprio. Hoje chegaram mais:

de Judith: EFEMÉRIDE. Uma espécie de libélula hermafrodita e, como tal, extremamente autosuficiente em tudo na vida. Nasce só, rompendo o casulo com os dentes. Sim, tem dentes! Vive só, jamais sendo vista em companhia de outro da mesma espécie. Por conta dos mistérios da natureza, e apesar de não precisar de ninguem pra se reproduzir, tem intensa atividade sexual com as SÍLFIDES, que morrem logo após o orgasmo de quarenta minutos ininterruptos. Este encontro só se realiza num único dia: 29 de fevereiro. A natureza é sábia: gozo assim, só de 4 em 4 anos mesmo. Reproduzem-se encostando a ponta do rabo ( órgão sexual masculino) na própria boca (órgão sexual feminino). Quem viu o ato pela primeira vez, apelidou as EFEMÉRIDES de Lambe-bunda. Santa ignorância!...


gravura em pt.dreamstime.com

A palavra é: V


Parece que vamos continuar o estudo das palavras como me parecem. Gerana é uma fonte inesgotável; desta feita me mandou estas famosas, que sempre me perseguiram:


IDIOSSINCRASIA e VICISSITUDE


IDIOSSINCRASIA é um abestalhamento que acomete pessoas desavisadas. Você pode estar crente que está abafando numa roda de bate-papo, por exemplo, e de repente lhe baixa uma idiossincrasia dessa e sua cara vai pro chão. Apesar de passageiro, este sintoma de retardamento mental é tão violento que lhe deixa marcado como uma pessoa idiossincrática, quer dizer, idiota e antipática. Este disturbio também é conhecido como cretinossincrasia ou imbecilissincrasia, dependendo do grau do fora que ele, o disturbio, lhe faz cometer. Não lembrar o nome de uma ex, é uma idiossincrasia. Tropeçar e sentar no colo de alguém, imbecilissincrasia. Jogar alguem na piscina no meio de uma festa, vamos combinar que se trata de uma cretinossincrasia, tem duvida?
Incurável.
Torcer pro Vicetória é o mais baixo nível da doença, e como é permanente, aí já é uma VICISSITUDE, entenderam?

deseho em aloucuradaspessoas.espaceblog.com

terça-feira, 20 de abril de 2010

A palavra é: IV


PUSILÂNIME


Esta é para encerrar esta fase sobre as palavras, escrita por Martha


Sempre soube que se trata de um inseto, muito parecido com o vagalume, porque sabe acender a bunda. Mas difere deste por ser extremamente voraz, violento e sádico, um predador terrível. De hábitos noturnos, só enxerga quando acende o fiofó. A natureza, sabiamente, habilitou-o a acender-se de forma intermitente: acende, apaga, acende, apaga. Este inseto horroroso tem olhos rudimentares e só enxerga quando acende, por isso, tem uma espécie de galo na cabeça, de tanto se bater nas coisas quando a lanterna do furico se apaga.


foto em animatoons.com.br

quinta-feira, 15 de abril de 2010

A palavra é: III


ARROSTAR

Esta vem das Alagoas, Maceió, das mãos de Jana. Penso Assim:

Arrotar alto e prolongado, após ingestão de arroz. Sem cor, mas tem odor azedo, insuportável. Não confundir com ARRESTAR que é uma condição muito própria dos fumantes com enfisema em grau avançado, quer dizer, quando um fumante está arrestado, está é quase morto.
E Ricardo Dib me provoca: o que me diz de
HEBDOMADÁRIO
Esta é fácil por ser tão óbvia. A palavra é amarela, tem som rouco e mau hálito. Refere-se a uma espécie de camelo ( primo em terceiro grau ), velho, desdentado, mas extremamente assanhado. Ganhou este nome ( hebdomadarius camargus) em justíssima homenagem à velha -e não menos assanhada- dama da TV, a apresentadora Hebe.



gravura em naturezahumana.nireblog.com

quarta-feira, 14 de abril de 2010

A palavra é: II



EXEGESE

Chorik entrou na minha viagem e me mandou esta acima. Pois bem, vamos lá.

Trata-se de uma cancela ou porteira, marrom, com som de cancela batedeira, cheiro de madeira velha com betume, que se abre apenas em uma direção: para fora.

A exegese da minha fazenda é mais bonita que a do vizinho. Aliás a dele nem é uma verdadeira exegese, já que se abre nos dois sentidos. Nem sei como se chama uma aberração daquela.


foto do flickr

A palavra é: I



O que lhe parece?


Palavras tem sempre um significado muito particular para mim, se não as conheço, e me lanço no dicionário para saber, mas antes fico viajando no que pode ser. Palavra pode ter cor, forma, som. A propósito da minha ultima postagem, Gerana sugeriu a seguinte palavra:
HODIERNO
Para mim quer dizer horroroso e moderno, quase óbvio. Me lembra um móvel de sala, uma cadeira estofada, laranja. Sem cheiro. Sem som. Se fosse uma animação, ela, a cadeira, estaria sorrindo, como o gato de Alice. Uma cadeira hodierna.

cadeira egg, de casadaidea.wordpress.com

terça-feira, 13 de abril de 2010

Palavras, palavras...


Você se depara com palavras que não tem a menor idéia do que seja o significado, finge que sabe até o dia em que a preguiça lhe manda correndo pro dicionário? E reparou que quando fica sabendo, a gente passa a usar com mais frequencia como para testar se os outros também sabem, e fica com aquela certeza: sabe nada, é que nem eu antes de saber! Algumas das minhas preferidas ( e já sabidas! ):
Iconoclasta
Misantropo
Aleivosia
Anacrônica
Ubiquidade
Depois me lembro de mais, porque não ando anotando estas coisas, tenho mais o que fazer.


gravura de: neuraurbana.wordpress.com

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Quero meu silêncio!


Li em algum lugar ( fico puto quando não me lembro, culpa do alemão!) que a grande busca deste século seria pelo silêncio. Tomei um susto mas me convenci de imediato: silêncio e água parecem ser nossa tábua de salvação no mundo que se anuncia. Levei um tempo achando que era besteira ficarem falando que a água do Planeta está indo pelo ralo: água evapora e volta sempre, no entanto a ( péssima ) qualidade das águas me abriu os olhos. Não é exagero o que estão apregoando pelo mundo, pessoas sérias e estudos importantes. Já estou com minhas barbas no molho, de água reutilizada, naturalmente. E quanto ao silêncio, ou à falta de? Parece inatingível obter o silêncio necessário. Escrevi no meu perfil que vim para o interior em busca de silêncio. O problema é que nem aqui consigo mais achar. Parece irremediavelmente perdido. Acho que, proporcionalmente, as cidades do interior estão mais barulhentas que as grandes. Agora mesmo, estou aqui escrevendo por causa de uma merda de um carro de som que teima em me dizer coisas que não quero ouvir. Sem contar com os carros preparados para disputas em praça, lançando arrochas e rebolations pra todos os lados, fazendo meu ouvido de penico.

foto: diariodonordeste

sábado, 10 de abril de 2010

Chove, chuva.


Depois de longo e tenebroso verão, volta a chover. Chuva abençoada, que à vezes exagera. Ninguem merece alagamento, desmoronamento, queda de barreiras, mas a chuva é assim mesmo, não obedece a pedido nem promessa, por isso ela cai mais aqui, menos acolá; uns com tanto, outros com tão pouco. Vá entender A Força.
Fiquei chocado com as mortes pela chuva no Rio e Niteroi. Mas foi por causa dela mesmo? Por que bem ali ao lado daquele morro, a 100 metros, caiu a mesma quantidade de água e nem abalou Bangu?
Enquanto isso, me recolho na varanda para apreciar a tempestade. Sou absolutamente apaixonado por tempestade; quando criança, não tinha medo; crescido, caia no mar do Morro junto com o temporal, para desespero de minha mãe que forrava espelhos com medo de raio.
Hoje, egoista, seco e agasalhado, traço um acarajé só com camarão e olho pela janela. Está chovendo e eu, feliz com a chuva.
foto captada da web, sem crédito

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Fabricio


Ainda faltam três dias pra gente contar um mês sem Fabricio, mas a Igreja católica faz umas contas esquisitas e determinou que é hoje. Paciência, dia 9, choro de novo a falta que meu amigo está me fazendo. Sua irmã Norbélia me ligou hoje avisando da missa de mês, na Igreja Nª Srª da Luz, às 17:30. Quem puder ir, vá. Eu não posso. Missa é missa, vai ser um motivo para as pessoas continuarem se vendo e se perguntando se a morte de Fabricio vai ficar assim. Todos que estavam na padaria viram o assassino chegar numa moto, tirar o capacete para que Fabricio tivesse a certeza de quem o estava matando, viram-no disparar por cinco vezes e sumir no ar, às três e meia da tarde, no centro da cidade de Valença. Desculpem, é inevitável a lembrança, mas meu irmão Eduardo foi assassinado na mesma cidade, às três e meia da tarde, dende casa, dormindo a sesta. O assassino também se evaporou.
Não tenho vocação pra militante de movimento nenhum, e não seguro bandeira contra porra nenhuma, muito menos por causa perdida, contra a violência, mas não me omito.Quero ver ao menos punidos os assassinos de meus irmãos.
Em tempo: pra quem conhecia a fé de Fabricio nos orixás, vale lembrar que logo mais, na Igreja na Pituba, Ogum vai estar de guarda na porta.
foto de fabricio, em jornal do baixo sul, sem crédito

xeudizer:

anotações livres, leves, soltas