quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Eu vou!


Eu tambem vou e chamo todo mundo pra ir. Dois eventos imperdíveis: o lançamento dos livros dos meninos e o encontros dos blogueiros. Vai ser uma África!
Eu mesmo estou enrolado no xale da doidia; trabalho até às 14 horas, pego a estrada, largo meu carro em Bom Despacho. Atravesso de a pés, Jango me pega do outro lado, passo em casa, jogo uma água na lataria prevendo os abraços, e me mando pra Pirâmide do Rio Vermelho. Durmo na capital, Jango me devolve ao Ferry das 6:00h, pego o carro e vorto pro batente.
Mas vou!
E você aí que não vai suar metade que eu, pensou em não ir por que? Tire a bunda da cadeira a vamulá.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

20 de agosto

Me passei da data em 4 dias. Não devia. Nesse dia fiz exatos nove anos sem fumar. Nove anos! Comecei a fumar com 13 e parei com 47. Nunca imaginei que um dia conseguiria e explico porque: eu simplesmente acho que fumar é a oitava maravilha. Se existe uma coisa boa na vida, é fumar um cigarro. Se conseguisse fumar apenas um ou dois por dia, não parava nunca, mas nunca consegui. Nesses 34 anos de fumo, tragava cerca de 12 cigarros por dia e quando bebia, era uma carteira só na farra. Mas parei. Passei um ano me preparando para a nova vida, muito da chata, sem um cigarrinho. Nove anos depois, tenho duas declarações a fazer: sinto vontade de fumar a cada meia hora de minha vida maledetta. A outra é que voltaria a fumar se soubesse a hora de minha morte: um cigarro e ploft! morria, feliz.
E o que este santo que ilustra o texto tem a ver com as calças? Procurei na internet sobre o dia 20 de agosto porque queria que esta data comemorasse algo bem importante para fazer companhia à minha conquista, e me deparei com o xará acima. Isso mesmo, dia de S. Bernardo! Ainda por cima o santo padroeiro de Alcobaça, terra de meu avô materno, Raul. Quando falei com minha irmã Mena, ela me disse que sabia e que minha mãe escolheu esse dia para me batizar e a ele me consagrou para que me protegesse. E assim foi feito. Com tanto aviso, se não parasse, me fudia.
foto da net.

domingo, 23 de agosto de 2009

Onde estou? II



Rua calçada. Cada pedra vinda de outro mundo, uma luta pra trazer. Meio fio alinhado, mais que madame soçaite. Depois daquela curva, ônibus e vans esperam quem não virá. Os postes são coqueiros sem frutos. Uma casa enorme, duas, três. No passeio, estacas esperam a hora de cercar mais uma propriedade. Mais uma. Carregadores descansam no meio do caminho: vieram de longe, vão pra mais longe ainda. Sobre o morro, uma luz espia e dá a pista.

Não (re)conheço onde estou.


foto de bernardo, em 08.09

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Onde estou?


Mar liso, vento fugido, dia ainda. Navios ao largo, com os olhos esbugalhados. Ao fundo, uma heróica ilha se recolhe, amedrontada. Nós viajamos sem correr, quase pé-ante-pé, com receio de sermos descobertos. O sol, encurralado pela tempestade, ainda resiste. Por quanto tempo?
E eu, no convés, extasiado.
foto de bernardo em 08.09

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Sinos


Me dei conta de um fato que julgava indiscutível: ouvi hoje cedo, de passagem, o sino da igreja do Bonfim de Nilo. Mais tarde, já em Valença, ouvi o sino de lá. O som do de Nilo é que é o verdadeiro. Os outros não chegam nem perto da verdade. Ouvi sinos em vários lugares. Quando estive na Itália, pensei que ouviria lá, pela proximidade com a Igreja, o som verdadeiro. Nem lá. Ouvi taquara rachada, som agudo demais, grave como poucos, blim-blim, blém-blém, blim-blão mas jamais ouvi som igual ao sino da igreja de Senhor do Bonfim de Nilo Peçanha. Conheço toque das horas, das meia-horas, do chamado pra missa, de acompanhar procissão, de aviso de morte. Não saberia reproduzir e nem sei passar gravação aqui pro texto, que nem os meninos fazem ( Marcus, Maria, Chorik). Se soubesse, exibiria aqui pra vocês tudinho, porque sinto assim uma certa pena de vocês não conhecerem o verdadeiro som de um sino.


foto de bernardo, da igreja do senhor do bonfim de nilo peçanha, em 07.09

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Cacete Armado II


-"Meu nome? Norato de Barbina. Tô em riba dos cinquenta e ôtcho e toda vida morei em casa de trabaiadô, de fazenda de patrão. Daí topei com Nêde. Convelsa vai, ela me dixe que ficava mais eu se construixe uma casa cum varanda. Aí eu fiz este sobradim cum varanda no quarto, móde a gente assuntar as lua. Na conjunção da grande a Nedinha fica nos cascos. Premêra vez que fico amaziado. Tô gostano que só. Enrabichado. Só a Nêdinha mermo. Cumpade Salu mermo ficava me dizendo que sou dôdio de fazer casa de dois andar, que ia cair. Caiu? agora fica de olho cumprido purcausa de que a casa dele dá prum barranco e a minha não. As pranta é coisa de Nêde, de purmim não tinha tanta não, só umas espada de ogun pra olho grande..."


foto de bernardo,em 07/09. entroncamento de valença.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Tá doente?



Aeronauta está doente. Não seja a gripe suína e, se for, não se assuste: ano passado morreu, no Brasil, 4.500 pessoas de gripe comum e ninguem fala disso. Escalda-pé, um suadouro, chá de pitanga e paciência. Li seu texto em que fala dos remédios da infancia e me deu vontade de também falar deles, dos remédios da minha infancia.
Aqui em Nilo, com toda a umidade desta área, sobrava Tuberculose. Minha mãe tinha pavor da tísica por ter matado parte de minha familia no inicio do século passado. Como controlar crianças? O jeito era dar remédio preventivo. Todo dia de manhã, descíamos ladeira abaixo, copo na mão para aparar o leite ordenhado na hora. Sinto agora o cheiro daquele leite misturado com o cheiro de bosta do curral. Dois terços leite, um terço espuma. Ladeira acima, em casa, D. Florentina já havia espremido mastruz no pano de prato. Leite verde, cheiro forte, chave apertada na mão pra não devolver em vômito, nariz tapado e...pronto! Arrôto de mastruz até a tarde, na hora do Xarope de Jurubeba feito em casa.
-"Flora, traga a chave que este menino tá com cara que vai amofinar!"
Além destes diários, havia os ocasionais. Maravilha Curativado de Dr Humphreys para qualquer porrada; Lumbrigol, para as próprias, Óleo de Fígado de Bacalhau (Emulsão de Scott), e uma vez ao ano, Óleo de Rícino, que exigia duas chaves na mão. Quando pintava uma gripe, " Tuberculose é gripe mal curada!", injeção de Gadusan (1). Adorava o hálito de eucalipto que ficava por dois dias. Era só tristeza? não. A farmacopéia tinha seus encantos: Biotônico Fontoura que a gente bebia escondido e além da conta ( dava barato!!) e quando os irmão tinham asma, rolava um cigarrinho que meu pai ensinava a tragar e que, piedoso, estendia para mim, o pidão. Hoje prefiro acreditar que se tratava de cannabis e que fui uma criança que fumou maconha autorizada pelo pai. Não tenho do que me queixar.

(1) Meu pai tinha uma técnica de aplicar injeção. A seringa era fervida, junto com as agulhas, no próprio estojo, queimado em álcool. Deixava esfriar, balançando no ar. Espetava a agulha - só a agulha!- na bunda da gente e ficava observando subir sangue. Se não, enroscava a seringa no bocal da agulha e ...pronto, Gadusan pra dentro.
E era meu pai tambem o responsável pela expressão dos tumores até arrancar o carnegão.
gravura in imageshack

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Vô Chimbo


Vez em quando vô Chimbo passava uns dias na fazenda conosco. Da ultima vez eu já dirigia e fui seu motorista. Viagem divertidíssima. Vô Chimbo brandia seu martelo iconoclasta em todas as direções, esculhambando todo mundo:
-" Fulano, vô?"
-" Canalha!"
-" E Sicrano?"
-" Corno! Corníssimo!"
-" E Beltrano?"
-" Aquele, além de canalha, é um energúmeno. Um biltre!
E seguia a viagem. Todo lugarejo que via, por menor que fosse, vô Chimbo queria saber o nome.
-" Tem nome não, meu avô."
-"Como não?! tem que ter! todo lugar tem um nome! Diga que não sabe". Pra não aporrinhar o velho passei a inventar nome pra todo canto. Uma solitária Igreja: "Igreja nova"; um povoado de duas casinhas: "Duas torres"; Uma fazenda: "Santo Inácio", e por aí fui a estrada toda, desde a Bahia até Nilo. Tome-lhe imaginação. Ficou conosco uma semana.
Na volta, vô Chimbo ia quietinho no banco ao meu lado. Espichava a cabecinha pra espiar por cima do painel. Vez em quando ele apontava com o polegar pela janela, e sem olhar, ia dizendo:
-"Santo Inácio"
-"Duas Torres"
-"Igreja Nova"
-"Mata escura"...
Eu não tinha a menor idéia do que ele estava dizendo...


foto: eu e vô chimbo. cedida por maria sampaio.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Sacaneando Chorik


" Da janela lateral
do quarto de dormir..."

Chorik escreveu assim dias atrás e nos mandou a foto de sua janela ( de seu avião, bem entendido!). Ontem, depois de atender meus pacientes, me refestelei na janela lateral do meu consultório do SUS - PS do Entroncamento. Não é bem meu quarto de dormir mas dá pra tirar um sarro do japa! Hi...hi...

Pra aumentar o sarro, é um riacho bem limpinho que passa sob as bananeiras-do-mato e faz a trilha sonora do meu trabalho.

foto de bernardo, em 03.08.09

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Liga dos e-amigos


Não fui. Estou rachado em cruz. Sinto como se tivesse faltado à aula de revisão de anatomia na véspera da prova. Perdi, irremediavelmente. Estavam lá os e-amigos e eu fiquei aqui só pensando em como deve ter sido bom ter reencontrado a thurma. Aí bate o desespero: e se as pessoas não me reconhecerem mais? será que só vão se lembrar das que foram? no próximo encontro, no lançamento do livro de Maria e Nilson, os e-amigos vão fazer uma panelinha e isolar os que não foram? Tô perdido!

Pelo que sei, foram Maria, Nilson, Marcus, Martha e Renata, e alguns representantes das rencas, consortes e agregados. Menos eu...

Tem nada não! na próxima eu vou, dia 1º de setembro. E vou anunciar antes pra que todo mundo me reconheça quando chegar. Meu trunfo sempre foi Maria Sampaio à tiracolo. Agora ela vai estar lá, do outro lado, oposto aos mortais, distribuindo dedicatórias e autógrafos. Meu consolo é que Aeronauta, não o alter ego, a própria, quando chegar, muito menos gente vai reconhecer. Por favor, aérea persona, me sussurre sua identidade e desfilaremos de braços dados, silenciosos e sutis, na noite que deve ser dos e-amigos.
desenhoanimado.org

xeudizer:

anotações livres, leves, soltas