quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Argh!!!


"Bom dia, senhor! vamos estar tansferindo sua ligação..."

Odeio o gerundismo mesmo antes de se chamar assim. É uma praga que veio pra ficar, como o Ralouim num país onde nem existem bruxas ou como a segunda parte do Parabéns Pra Você. Proíbo que cantem Parabéns pra mim pra não ter de engolir o "chegou a hora de apagar a velinha". Sempre me pareceu que querem apagar a velhinha. Detesto! O Parabéns deve terminar com "...muitos anos de vida" e basta.

Já da primeira praga, a gente devia desconfiar que tinha algo errado porque os pais da nossa lingua, os portugueses, jamais pronunciam o famigerado gerundio. Estão sempre " a fazeire", "a cagaire" ou a "trocar salivas". O gerundismo me dá jêje e virou praga do discurso oficial. Servidor público ( graduado!) adora estar gerundiando e estar inventando neologismos. Semana passada me retirei de um auditório após ouvir uma graduada da Saúde declarar que " vamos estar contratualizando novos profissionais de saúde". Foi o bastante; atingiu o nível de tolerância e fui, como diria Miro. Deixei que emprenhasse os ouvidos de outro com seu gerundismo infame.

Outra coisa: a palavra gerúndio me lembra o livro Nomes Próprios Pouco Comuns, de Souto Maior, que Maria Sampaio ( sempre ela!) me emprestou. É um catálogo de nomes pitorescos e absolutamente verdadeiros, com as fontes citadas. Dentre tantos nomes, lá está, eu juro, a heroína dos usuários do gerundismo: Gerunda Gerundina Pif Paf dos Guimarães Peixoto; e uma figura desta tinha de ser Guimarães, como eu e Maria.
foto:www.sedentario.org.br

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

14 de janeiro


Primeiro aniversário de Iara.
Um ano esperando este dia chegar. Quando ela nasceu, eu só pensava nisso. Não gosto de criança pequena, molenga, pedaço de gente fazendo xixi e cocô e chorando sabe-se lá por que. Não anda, não fala e nem responde a nada. Reage a tudo chorando. Que saco. Sei lá o que se passa na cabeça dessa gente!...Pensa? raciocina? já gosta do avô? Tá dodói? fala logo! a gente dá um jeito, mas para de chorar!
Agora, não. Tá com sede, pede "ábua", chama titia de "dinda" e o resto de "titia"; "bobô", sou eu, o resto é licuri. Quando não quer comer, fecha a boca e não tem quem abra. Come de um tudo, um pouco, dorme na hora certa, acorda cedo, não enche o saco de ninguem. Semana passada quando estive lá no Morro, assim que me viu fez a maior festa, se jogou, deu um abraço apertado e me jogou no chão, para sempre. Agora não precisamos de mais ninguem entre nós. Somos eu e Iara, o avô e a neta, mais ninguem no mundo.
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foto de maira

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Gêmeos


Meu compadre Raul, o louco, é minha alma gêmea. Ele diz que ainda vamos ter um caso antes de nossas mortes e eu espero que seja primeira a dele, e ele, a minha. Eu ainda acho que devíamos atravessar o limbo juntos mas aí já seria caso consumado. Ainda por cima as pessoas nos acham parecidos. Até acho alguma semelhança, se fixarmos o olhar sobre a careca insipiente, a minha, e a já instalada, a dele. O buchão é muito parecido: mais flácido, o meu, porque feito de gordura; maior e lustroso, o dele, por estar sempre cheio de merda; "vísceras", se defende.
Depois da formatura, cada um tomou um rumo. Eu fui pra Maracás e depois me estabeleci no Baixo Sul; ele foi pra Barra de São Francisco, nos cafundós do Judas. Mofou uns tempos até ser perseguido por um marido ciumento e veio dar os costados em Cruz das Almas. Chamei pra junto e agora está morando em Ituberá. Já está em Camamu, também. Caso é caso.
Quando chegou em Ituberá, há cerca de sete anos, espalharam que era meu irmão. Ele nunca desmentia, ficava feliz. Muitos nos confundiam mesmo. Um dia de manhãzinha minha filha indo comprar pão, chegou esbaforida:
-" Pai, vá ver tio Raul! tá lá no Dique andando de cueca, com um cachorro amarrado numa cordinha, parecendo um doido!" Nem me dei ao trabalho, já conheço de outros carnavais, saindo de diabo no bloco "As Almas de Quintas" . Aquilo era café pequeno. O pior estava por vir: o buxixo do dia na cidade era: Dr Bernardo, quase nu, andando de madrugada pelas ruas, com um cachorro marrado na mão. Parecia um doido.
Ele ri e nega até a morte que era ele, o safado.
imagem: uol.horoscopo


quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

C.I. 01/09

Secretaria da Saúde

COMUNICADO IMPORTANTE



O Secretário de Saúde, no uso de suas atribuições, faz saber que anda enrolado no xale da doida. Pede aos senhores e senhoras que não o abandonem, apenas respeitem este solene momento de completo isolamento, em que suas energias estão totalmente voltadas para as novíssimas atribuições, ao tempo em que comunica que seu portátil resolveu não atender às suas exigências, deixando-o na completa ignorância internética. Como a passagem de governo deu-se de forma traumática, estamos totalmente imbuídos na arrumação do caos. Enquanto aguardamos a solução do portátil e sem usar equipamentos públicos para fins pessoais, peço a compreensão de todos. Eu voltarei.


Bernardo Guimarães

xeudizer:

anotações livres, leves, soltas