quinta-feira, 30 de julho de 2009

Cacete Armado


Acima, o Bar e Restaurante ( o andar superior -atentem às bandeirolas- é a residencia do proprietário) do Entroncamento de Valença, minha parada obrigatória semanal para traçar um milho assado, um queijo coalho, uma jaca, um coco...
Enquanto durar minha prisão de ventre mental, vou mandando algumas pitorescas noticias do meu interior ( em todos os sentidos)
foto de bernardo em 29.07.09

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Homem-lobo


Homem-lobo (para Bernardo Guimarães)

Cheiro da lua,

fuça meu corpo,

ando sonhando

que nem um bicho.

Cheiro das eras,

era uma vez, era uma

lualucinação.


(Essa foi inspirada no conto do lobisomem cagão, de Bernardo Guimarães, do blog Notícias do interior)
NILSON GALVÃO ( direto do Blag )

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Dra Nana




Pode ser que esteja meio fora de moda mas...

MINHA FILHOTA PASSOU NO VESTIBULAR DE MEDICINA!!!!!!

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Lendas Rurais II - Mula Sem Cabeça


Não pretendia mais voltar ao assunto mas, provocado por Aeronauta - Agora quero a história da Mula Sem Cabeça, pensei: por que não? O maior problema é a fidelidade à verdade e a vedade é que eu jamais vi a Mula Sem Cabeça. Mas logo me lembrei que minha comadre Florentina me contou, há anos, de seu encontro com a besta. Fui ontem à casa de Flora.
-" veja, meu compadre,estou tremendo até hoje!"
Muito a contragosto, me contou que nunca mais se bateu com a Sem-nome. Mas sabe quem ela é porque Mula Sem Cabeça é mulher de padre e todo mundo sabe -mas não comenta- que Dona V. foi mulher do frei F. por todo o tempo que ele morou aqui. Depois que ele foi embora, ela sumiu, a mula.
Acreditem, fui procurar minha amiga V. Foi uma longa e difícil conversa mas, evocando o segredo médico, consegui esta declaração:
-" É verdade. Na terceira noite depois de me deitar com F. eu já comecei a cumprir minha sina. Mas há muita história e mentira a respeito da...ela não é sem cabeça; tem cabeça sim mas o fogo que lhe sai das ventas - e quando está gripada piora, é um fogaréu que chega esconder a cabeça". Falou me mostrando duas pequenas manchas na entrada das narinas. "Queimadura! Quando chegava em casa, as pernas doiam de tanto correr por sete povoados...isso toda noite de sexta e toda lua cheia! Nem mula aguenta. Falam que ela come criança...mentira! ela não faz mal a ninguem. Só quem sofre é ela. A maldição já lhe é demais. Os olhares na rua...Ah, meu amigo, é um fardo pesado demais...
-"Por que você não conseguiu se livrar deste fadário?"
-" O padre-amante teria de me amaldiçoar sete vezes antes da missa. E ele me dizia que me amava por demais da conta a ponto de fazer uma sandice dessa. Peferia me ver uma mula a me amaldiçoar. Ou alguem tem de tirar o cabresto da mula. A unica oportunidade que tive foi há muitos anos atrás, quando me bati com Florentina e achei que ela era entendida e ia me ajudar. Correu mais do que eu."
Assim deixei minha velha amiga. Nem desconfiava porque ela é sempre tão abatida, magra, amarela, com hidropisia...
ilustração em www.cactus.com.br

sábado, 11 de julho de 2009

Lendas Urbanas


Sobre o texto do Lobisomem, quem vive ou já viveu no interior, escreveu dizendo que adorou. Quem só vive na cidade, desdenhou, achou engraçadinha a história mas não bota a menor fé. Tanto faz. Eu tambem não acredito nas lendas urbanas: não acredito no Esquartejador de Santa Tereza; ninguem pode matar uma pessoa e esconder a cabeça e as pontas dos dedos para impedir a identificação. Não acredito nem um pingo no Monstro da Graça que matou o pai, a mãe, a avó e o irmão débil mental. E o que dizer do Tarado do Canivete que sairia por aí furando a bunda dos outros na rua? Me desculpem mas é demais, não dá pra acreditar.
Não. Quem não quiser acreditar em Lobisomem, paciência. Deixem ele aqui comigo que a gente se dá muito bem. Inclusive já combinamos, ele não caga mais na minha touceira de açaí.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Lendas rurais: O Lobisomem


Como é: magro, amarelo, olhos vidrados, corpo peludo.

Quem: ultimo de sete filhos ou nascer de compadre e comadre.
Quando: qualquer idade; quando amaldiçoado por pais ou padrinhos.
Onde: quaresma, dias 13, lua cheia. Quando coincidem os tres, é batata.
Maldição: percorrer sete cidades na noite da maldição e voltar antes do galo cantar.

O que come: crianças pagãs, cachorros, sangue humano. Atualmente, galinhas.
O que faz: morde quem aparecer; desvirgina donzelas.
Morre: com tiro no dedo mindinho do pé e com bala melada de cera de vela de altar.
em Lobisomem: Assombração e Realidade-Mª do Rosário T de Lima.

Acordei com um barulho no quintal, de animal grande pisando em casca de carangueijo, já que goiamum, lá em casa, nem pensar. Animal grande não pula muro, então é gente. Pé ante pé, cu no ponto, luz da lua, vi a touceira de açaí se mexer. É ali. Já pulei com o berro engatilhado e um grito pavoroso desses que a gente dá quando está com medo e pensa que pode matar o outro de susto. Nem. O ladrão não se mexeu e nem era ladrão. Era um lobisomem. Com a mão cruzada nos peitos, pálido como só ele mesmo, caiu sentado e balbuciou:
-Quase me mata de susto!
-E eu?
-Mas eu é que sou o lobisomem!
-Mas que diabo você está fazendo aí uma hora desta, já quase na hora de desvirar?
-Dando uma cagadinha; na rua é impossível, nas casas, nem tento. Saí pra comer uma coisinha, me distrai e quase perco a hora. Se desvirar na rua, vão saber quem eu sou. Deixeu desvirar aqui no seu quintal...
-Crendospadre!
-Dotô, então deixa eu ir. Vira pra lá esta bala com cheiro de vela e este punhal que a lua tá mostrando a prata... Já corri as sete cidades e tenho de voltar pra minha casa antes do galo cantar, pra cumprir meu fadário. Levantou e pude ver o montinho de cocô. A fedentina subiu.
-Porreta, você! Pula meu muro, me acorda de madrugada, me dá um susto feladaputa, caga no meu açaí ( sei lá o que vai acontecer com os frutos!) e quer sair de fininho? Não senhor! De graça, não. Cate seu cocô e se pique. Vá desvirar lá em Taperoá, noscambau. E largue minha galinha aí!!!
O bicho fez força nas traseiras e saltou o muro. Dei dois tiros pra cima, nem mirei o pé. Alguem há de ter ouvido e, se perguntado, respondo. Aqui, todo mundo acredita.
Onde já se viu...era só o que me faltava, um lobisomem cagando no meu quintal; e logo na minha touceira de açaí, bem onde, vez em quando na lua cheia, dou uma cagadinha...!
foto da web: www.hotfrog.com.br/trilha do lobisomem. raul, quando viu, me garantiu que foi ele quem fez a foto. vá saber...

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Goiamum*

É isso mesmo o que vocês estão vendo: um goiamum exibido em sua casa. Mais uma imagem inusitada de beira de estrada. Cajaíba,Valença. A casa do goiamum fica acima das casas dos homens. É de ferro e de telha de primeira. Poste de PVC preenchido de concreto, suporte. À prova de terremotos. Pode chover canivete que o goia nem se abala. Não sei de que material é feito, se madeira ou fibra de vidro. É enorme, mais de metro de ponta da pata à outra. A puã é tão grande que engoliria o cachoro chato do vizinho. Ali deve ser um criadouro. Cria-se goiamum para engorda. Goiamum cevado é goiamum gordo. Há quem aprecie. Vera é louca por um goia. Quando vem pra cá, para antes em Marcio e traça quatro. Eu só fico olhando. Não gosto nem de ver o processo de quebrar goiamum no porrete e espirrar aquela aguinha fedorenta que só cai em cima de mim. Depois chegam as moscas. Tô fora. Há também os que não comem goiamum nem sob tortura, são os que acreditam que estes animais comem cadáveres, cavando túneis nos cemitérios. Por vias das dúvidas, prefiro siri. Ah, o caranguejo, acabaram por aqui. Aniquilaram. Exterminaram. Siri, só de encomenda. Goiamum, não; goiamum está ironicamente salvo da extinção. Criado, engordado, de casa nova mas o que o espera é uma panela. E as Veras da vida, vorazes devoradoras de goiamuns.
P.S.: * aprendi assim; alguns insistem em chamar guaiamum ou guaiamu. Infelizmente não encontrei um indio aqui pra tirar minha dúvida.


foto de bernardo em 30.06.09

xeudizer:

anotações livres, leves, soltas