domingo, 28 de fevereiro de 2010

Metamorfose


Um mês quieto, calado, no escuro, no silêncio, no casulo. Matutando, matutando...até não sei quando. A unica certeza que tenho é que eu rompo esse casulo, mais dia menos dia. Cansei de ser lagarta. Tudo está me cansando, me dando gêge, mesmice. Não sou de mesmice, não aguento mesmice. Já recomecei a vida duas vezes, uma com uma sacola de roupas, outra com um pouco mais. Não me mete medo recomeçar. Aqui dentro do casulo, as idéias vão se formando: mudança de casa, de cidade, de trabalho. Ainda em sofrimento porque o exercício do dasapego não se completou. Minha casa e meu cachorro, um não dá pra levar pra onde for, o outro talvez não possa, mas daremos um jeito nos dois, o melhor possível.

Quanto tempo mais de casulo? não sei, sou meio lento e mudança aos 57 não é a mesma coisa que aos 27 ou 37. Vantagem: a familia toda dando força, mulher e filhos. Agora, que daqui de dentro vai sair um outro bicho, ah, isso vai!
foto do flickr.com

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Meia volta




Aqui estou. Quero dizer, metade de mim. A metade que está sofrendo de uma preguiça macunaímica. A outra metade se mandou e foi dar uma chegadinha no carnaval da Bahia. É minha parte fraca, que não resiste a uma ordem de Vera. " Vamos!" E ela, a metade, foi. Estacionou no Apipema o carro que nem é dela, mas da filha. Subiu no camarote, olhou, olhou e teve um déjà vu: Ivete, Chiclete, Asa. Moraes cantando Pombo Correio foi demais. Foi embora, encontrou o carro da filha batido e o guardinha se mandou com meus dez paus; meus, não, dela a minha metade besta. A metade ficou meio arrependidinha das merdas que fez mas já era tarde. Foi pra casa, botou o rabo entre as pernas e procurou a outra metade pra se juntar. Pegou o Ferry e viu, pela fila do lado da ilha, que os baianos sartam fora da cidade e deixam o carnaval pros turistas. Quando chegou aqui, minha metade lesa ouviu da metade assanhada, que quando os paulistas e potiguares descobrirem que no Rio e Olinda o carnaval está bombando e como é de grátis, vão largar os circuitos Dodô, Osmar, Batatinha e que tais, vazios que nem as festas de largo. Aí já vai tarde. Ao menos não corro mais o risco de ter uma metade se desgarrando à procura de um cheirinho da loló que já não existe mais.



gravura: macunaima by diabaquatro.com

xeudizer:

anotações livres, leves, soltas