Quando vi a foto no blog de Maria, quase choro. De saudade, de raiva. Eu me criei naquela casa, parte de minha história ficou ali soterrada. O prefeito demoliu nossa casa pra fazer um viaduto e o que se vê no local é um edifício! A foto é de um oportunismo cruel. Meu avô e minha mãe estão na porta, sem acreditar ainda que a nossa casa vai cair. A da vizinha, Profª Candolina, já está no chão. Meu pai ainda estava lá dentro, de pijama, fumando quatro carteiras de Continental e bebendo um litro de conhaque Dreher. Saiu dalí chorando. Fomos morar no Matatu, porque de ultima hora tio Orlando Paternostro emprestou dinheiro pra meu pai comprar um lugar pra botar a familia. A casa da familia toda era aquela, a do Caquende. Todo mundo corria pra lá. Depois daquela foto, o trator passou por cima de tudo. Soube que na época o prefeito teria dito que, pra demolir casa de rico que atrapalhava o progresso, ele próprio dirigiria o trator. TÍPICO. Derrubou todas as casas de meu avô Chimbo. Todas. Quando meu avô piorou de sua pneumonia e decidiram transferi-lo do Santo Amaro para o Hospital das Clínicas, eu era estudante de lá e ficava com ele na UTI. Eu ouvi suas ultimas palavras inteligíveis: " Antonio Carlos Magalhães é um canalha!". Meu avô Chimbo era um homem de muita coragem, tanto quanto o prefeito se dizia. Infelizmente nunca se encontraram. Nem lá em cima. Estão em lugares diferentes.
Foto do Caquende 235, de tio Itamar, sequestrada sem autorização, do blog de Maria Sampaio. Se ela se retar, apelo :"-valei-me meu avô Chimbo!"
8 comentários:
Como me retar? Temos de botar fogo na fornalha. Todos fomos lapeados pelas chicotadas malvadas. A troca de lérias minha mãe X acm aconteceu mesmo. Criei-me com meu pai louvando a coragem do sogro Chimbo. Acredito sim, meu pai respeitou meu avô Chimbo mais do que aos próprios pais.
beijos amorosos da primairmã
PS. quem se inspirou em você fui eu
com certeza estão em lugares diferentes! É uma pena não ter conhecido nem meu avô (de quem só ouço boas lembranças) e ter a proveitado um pouquinho mais "vó liú". Sei muito pouco das histórias dessa família,até porque cheguei um pouquinho tarde, mas a cada dia que passa me surpreendo e gosto mais ao ouvir e ler tantas lembranças.
beijinho pai..continue a escrever. Você ja ganhou uma leitora assídua desse seu blog, entao não a desaponte e nem a deixe muito tempo esperando por novas postagens! hehehehehehe
Grata. :D
Essa fotografia me comoveu muito. É doloroso demais esse negócio de destruição de nossa memória afetiva.
Você me deixou ccom um bolo na garganta...
O único "defeito" (para mim) que meu pai tinha era gostar de ACM.
Tio Chimbo foi uma grande figura, mais uma daquelas que pela minha idade de temporao, mal conheci. ouvi algumas histórias contadas por Maria ou por Carmeninha. acho que você e Méuris-Pampas deviam escrever as histórias dele. principalmente as grandes tiradas dele!
abrs.
m
Cara, domingo passado Raul esteve aqui em casa, e tomou uma dose de jatobá.
E eu que pensava que aquela história do "pinico" fosse ficção...
Grande abraço.
Que fotografia linda... que historia triste! Realmente ACM conseguiu destruir muitas coisas em muitas vidas, mas a memória... rsrsrs essa aí é impóssível! Continue escrevendo... suas palavras são ótimas e seus posts, marcantes!
Beijos
Tou aqui, aguardando mais textos... Ao trabalho, moço!
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