A trilha sonora de minha infancia é de bolerões, com Angela Maria, Nelson Gançalves, Elizete Cardoso. Um dia ouvi Roberto Carlos e achei minha turma. Nem demorou tanto, surgiu a Bossa Nova e achei que tinha duas turmas, até ouvir a mais nova dizer que a gente não podia fazer parte dos dois grupos: ou vc é bossa nova, ou é jovem guarda. O sofrimento durou muito, quase toda minha adolescencia, ou enquanto durou meu tempo de assumir que gostava mesmo era dos dois: João e Roberto. Tom e Erasmo. Mas era quase errado dizer que se gostava de Roberto. Chegou um tempo em que era quase uma crime ouvi-lo. Passei a ouvir escondido, cantarolando só na minha cabeça e baixinho, suas canções tão bonitas, prum vizinho vigilante não me denunciar. E como havia patrulha naquele tempo! Um dia dei um basta e passei a bradar que gostava mesmo de Roberto. Cagando e andando pra quem achasse ruim. Meus veraneios no Morro eram embalados pelo Rei, às vezes ( e tão somente assim) desafinando pelas pilhas fracas do toca-discos de plástico cujo alto-falante era a própria tampa. Era tempo de dizer, com todas as letras, como é grande o meu amor por você. Qual o problema de dizer ao mesmo tempo que eram coisas que só o coração pode entender? O amor entendia e não se preocupava de onde vinham os versos. Os marrentos ficaram lá atrás, uns torcendo o nariz pro outro grupo. Eu estou aqui hoje, assistindo o especial do Rei. RC ao lado de Caetano, Nelson Mota, Rita Lee, Neguinho da Beija Flor. Eu e Vera. Bonito ver o Rei cantando com Zezé di Camargo. Vera não gosta de Zezé e sai da sala. Ainda bem, não gosto que me vejam mareado. .
foto da web.










Oh, amigo, se esqueci!"




