finalmente aconteceu o inevitável encontro de Iara com as águas; as doces águas do rio das almas foram escolhidas para recebê-la em batismo. não se deteve frente às corredeiras. olhou extasiada como se reconhecesse sua morada. molhou o pé, as mãos, levou gotas à cabeça. ria e apontava, espichava o poscoço tentando ver até onde ia. recolheu um graveto que boiava e usou de cajado. trouxe para casa, no lugar do rio.
a mãe: "estas são as águas de que falo. há perigo nas suas profundezas. seu redemoinho desorienta, as pedras escorregam. cuidado. não quero que se machuque. fique aqui, é cedo ainda pra você ir nas águas. aqui é o seu lugar mas tudo tem seu tempo. use seu cajadinho, futuque, pesquise, veja onde pisar".
o avô: "estas são as águas de que falo. não há lugar mais bonito. aqui, nesta curva, debaixo desta pedra, a loca: ali mora a mãe dágua. o redemoinho leva à sua porta. vê a espuma? as bordas de sua roupa. aprenda a nadar logo. se deixe levar pela correnteza. toque levemente as pedras do fundo, deixe a direção mudar. mergulhe, mergulhe, mergulhe...desta água pode beber. suba pra respirar e volte a mergulhar. bata as mãos na água, ela é dura, é mole. jogue áqua pra cima e deixe cair no rosto. aqui é o seu lugar. vá no fundo, mas nunca esqueça conselhos de mãe".
fotos de maira e bernardo, na fazenda tapiranga. 26.04.09
a mãe: "estas são as águas de que falo. há perigo nas suas profundezas. seu redemoinho desorienta, as pedras escorregam. cuidado. não quero que se machuque. fique aqui, é cedo ainda pra você ir nas águas. aqui é o seu lugar mas tudo tem seu tempo. use seu cajadinho, futuque, pesquise, veja onde pisar".
o avô: "estas são as águas de que falo. não há lugar mais bonito. aqui, nesta curva, debaixo desta pedra, a loca: ali mora a mãe dágua. o redemoinho leva à sua porta. vê a espuma? as bordas de sua roupa. aprenda a nadar logo. se deixe levar pela correnteza. toque levemente as pedras do fundo, deixe a direção mudar. mergulhe, mergulhe, mergulhe...desta água pode beber. suba pra respirar e volte a mergulhar. bata as mãos na água, ela é dura, é mole. jogue áqua pra cima e deixe cair no rosto. aqui é o seu lugar. vá no fundo, mas nunca esqueça conselhos de mãe".
fotos de maira e bernardo, na fazenda tapiranga. 26.04.09
11 comentários:
Família de fofos! Uma pergunta básica: se eu sou prima do Bernardo, a Iara é minha sobrinha-neta?(rs)
Bjs para Iara, sua mãe e seu vovô!
quanta beleza de mais uma geração dos guimarães, que resta à tiavéia? chorar cheia de emôchion.
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você mostrou a Iara as pedras marcadas com nossos nomes? Já marcou o nome dela? se não, é melhor esperar ela crescer mais para escolher a própria pedra.
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a palavra de hoje: dersy >>> será a Gonsalves?
Que lindo encontro! Emocionante.
Linda iniciação!
Lindo esse post, Bernardo.
que lindo encontro, etósria das mais profundas e cheia de coisas para nos emocionar.
adorei retornar aqui agora!
Forte isso! Mítico! Gostei muito.
quanta beleza!! lindo o texto, pai!!!!
lindo texto pai. Reall segundo o codigo!
Que texto excelente e que foco original. Grande, doutor!
Quando você escreve textos pessoais consegue fugir da auto-referência insuportável que infesta muito blog por aí
Abraços
Puxa tio, que lindo, estou sem palavras. bjss
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