terça-feira, 17 de novembro de 2009

Taxi Pirata.


Meu pai tinha um enfisema pulmonar brabo, resultado de cinco carteiras de cigarro por dia, por mais de 50 anos. Quando reconstruiu a Casa Rôla no Morro de São Paulo, lugar que ele adorava, fretava um barco em Valença que o deixasse na praia, na porta de casa, aliviando sua caminhada sofrida. Sentava na varanda e dali só saía três meses depois, quando acabava o veraneio. Jamais podia ir a qualquer outro lugar no Morro, por motivos óbvios. E se queixava muito, coitado. Tinha até vontade, mas faltava gás. Quando um desavisado lhe perguntava por que não desembarcava na ponte como todo mundo, respondia com humor, que faltava uma coisa no Morro: táxi. Pagaria o que fosse pra circular pela ilha. Como nem se cogitava da presença de veículos por lá, sonhava com um jeguinho manso que lhe deixasse montar e os dois sairiam por lá, certamente com um cigarrinho no canto da boca.
Depois da morte de meu pai, tomei seu lugar. Fumei por 34 anos e herdei um pulmão fraquinho e mesmo depois de 9 anos sem um roliúde, continuo um inútil. Ando só de carro e quando me aventuro nas idas ao Morro ( não consigo me livrar daquele lugar, apesar de tudo ), são duas caminhadas: a chegada e a volta. Não há mais barcos que aceitem frete pra me deixar na praia. Resultado: quando vou, me instalo na varanda e de lá não saio nem que me arranquem. Andei me queixando de minha incapacidade e o sacana do meu genro Eduardo, o Pirata do Morro, me mandou uma foto com a solução pro meu problema, com o escrito:
-Pode vir, já temos táxi no Morro!


foto de eduardo ferraz, o pirata.

10 comentários:

Anônimo disse...

Que maravilha... assim também posso ir!

Muadiê Maria disse...

Maravilha.
Menino, tem tanto tempo que não vou ao morro!
Meu pai dizia que lá está cheio de toxicômano. ;) Nunca ouvi ninguém dizendo essa palavra, só ele.
beijo

Lua disse...

KKKKKK! Adoroo os taxis daqui! E no dia do desfile, todos enfeitados... Uma graca!! Adorei o post! bjsss

Gerana Damulakis disse...

Quanta coisa engraçada acontece aí. Que bom: vc conta aqui e nós rimos também.
Boa viagem no "táxi", Bernardo.

Moniz Fiappo disse...

Será que dá prá rachar um táxi comigo?

Anônimo disse...

O amarelim inté que é bunitim.

Palatus disse...

Legal. Em breve vou pegar um taxi lá, em vez de um trator...
Será que ainda cobram aqueles R$5 para entrar no morro de sumpalo? Faz um tempim que não vou lá que nem vão acreditar se eu disser que sou de Vça. E meu sotaque apaulistado vão de entregar como turista? Aff. Oh tempo bão os de outroraaa.
Abraço, Dr.

aeronauta disse...

Adorei o "roliúde". Só você pra escrever o cotidiano tão bem!

Menina da Ilha disse...

Console-se amigo porque desse mal eu me queixo há muito e sem nenhum cigarrinho para poder colocar a culpa. Sou preguiçosa assumida e se pudesse até dentro de casa entrava de carro.Quando vou para a Chapada, só levo comigo os amigos que não gostam de andar, porque os amigos de Aeronauta, vão com ela quilômetros e mais quilômetros de serra sem nenhuma queixa. Chega a me agoniar quando vejo tanta disposição.Adorei o táxi novo. Minha cidade está precisando dessa modernidade.

Nílson disse...

Você e Angélica, de taxi no Morro!

xeudizer:

anotações livres, leves, soltas