
"Bom dia, senhor! vamos estar tansferindo sua ligação..."
Odeio o gerundismo mesmo antes de se chamar assim. É uma praga que veio pra ficar, como o Ralouim num país onde nem existem bruxas ou como a segunda parte do Parabéns Pra Você. Proíbo que cantem Parabéns pra mim pra não ter de engolir o "chegou a hora de apagar a velinha". Sempre me pareceu que querem apagar a velhinha. Detesto! O Parabéns deve terminar com "...muitos anos de vida" e basta.
Já da primeira praga, a gente devia desconfiar que tinha algo errado porque os pais da nossa lingua, os portugueses, jamais pronunciam o famigerado gerundio. Estão sempre " a fazeire", "a cagaire" ou a "trocar salivas". O gerundismo me dá jêje e virou praga do discurso oficial. Servidor público ( graduado!) adora estar gerundiando e estar inventando neologismos. Semana passada me retirei de um auditório após ouvir uma graduada da Saúde declarar que " vamos estar contratualizando novos profissionais de saúde". Foi o bastante; atingiu o nível de tolerância e fui, como diria Miro. Deixei que emprenhasse os ouvidos de outro com seu gerundismo infame.
Outra coisa: a palavra gerúndio me lembra o livro Nomes Próprios Pouco Comuns, de Souto Maior, que Maria Sampaio ( sempre ela!) me emprestou. É um catálogo de nomes pitorescos e absolutamente verdadeiros, com as fontes citadas. Dentre tantos nomes, lá está, eu juro, a heroína dos usuários do gerundismo: Gerunda Gerundina Pif Paf dos Guimarães Peixoto; e uma figura desta tinha de ser Guimarães, como eu e Maria.
foto:www.sedentario.org.br