sábado, 23 de novembro de 2013

A travessia de Nalva.






Sentada na escorregadia cadeira de plástico do Ferry das 18 h, retornando da Ilha depois do feriadão, olhando em volta, Nalva, pela primeira vez  pensou na sua vida. “Meudeus, o que estou fazendo aqui?”. Na cadeira à sua direita, Toinho, o maridão há doze anos, jazia semimorto, inclinado, cabeça na janela fechada, boca aberta, camiseta de meia subindo e descendo seguindo o ronco. Pernas esticadas e cruzadas, cheio de areia entre os dedos do pé. “Pelo menos o infeliz fechou a braguilha desta vez”. Bermuda folgada e a meio-pau,  a sunga verde aparecendo. A mão direita sustentava o queixo e a esquerda agarrava a chave do Chevette. Duas cadeiras à esquerda, Grace, a filha caçula tentava manter o poodle da família sob controle na base do cafuné, enquanto ouvia um arrocha no celular. “Tão linda minha filha com esse cabelo enroladinho preso num rabo-de-cavalo e essa mecha lisinha agarrada na testa...”. A cadeira entre as duas guardava as mais importantes peças daquelas viagens de fim de semana: o ventilador e o travesseiro. No deque de trás do navio, um grupo de pagodeiros fazia de tudo pra enlouquecer a todos. Foi quando Nalva se deu conta: o filho, Juninho, disse que nunca mais iria enfrentar uma viagem à Ilha; aquilo não era vida, ele não suportava mais. Preferia morrer a viver aquilo de novo, por isso passou a frequentar a Igreja onde passava os domingos e feriados entre os iguais em Cristo. Depois de pensar nisso tudo, Nalva concluiu que o melhor pra sua vida seria dar um basta

. Não ia acompanhar Juninho, mas enfrentaria  a fúria de Toinho, “ele que vá só da próxima vez, se quiser. Doravante faço o que gosto nos feriados: pintar o cabelo, enrolar uns bobs, fazer uma galinha terra pro almoço, e me esparramar no sofá pra ver Silvio”.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Atécubanos.



Escrevi no Face porque foi lá que nasceu o pandemônio. Desde a chegada dos médicos estrangeiros que o povo de lá não fala outra coisa, senão dos demônios dos médicos cubanos. Eu tinha resolvido não me manifestar porque vi que 99% dos meus colegas esbravejavam, se babando, contra a vinda dos médicos de fora, e sempre se referindo aos "cubanos", fossem venezuelanos, portugueses ou argentinos. Vi, portanto, que, por isso, o ódio era dirigido não aos médicos, mas à Dilma, ao PT, a Fidel ou a quem quer que porte uma barba, como a minha. O ódio proclamado no Face é tão irracional, que num instante pararam de falar no assunto, tão logo os médicos estrangeiros começaram a trabalhar na surdina, atendendo populações até agora desassistidas e que, pelos relatos recentes, estão adorando os "cubanos". Morreu o assunto, mas o ódio mudou de lugar, de pessoa, de objeto. E assim será: os médicos trabalhando, o povo sendo melhor assistido, os médicos brasileiros escolhendo os melhores lugares para trabalharem ( quanto mais perto das capitais, melhor) e o Facebook, servindo de palco para os que querem derrubar a Dilma. Simples assim.
Em tempo: voto em Eduardo Campos no primeiro turno; no segundo turno, votarei em algum cubano, talvez...

domingo, 7 de julho de 2013

Ídolos de pés de barro!




BARBOSA
O presidente do STF, Joaquim Barbosa, usou recursos do tribunal para se deslocar ao Rio no final de semana de 2 de junho, quando assistiu ao jogo Brasil e Inglaterra no estádio do Maracanã. 
O tribunal confirmou que não havia compromisso oficial na agenda do presidente no Rio durante o final de semana do jogo. Joaquim Barbosa tem residência no Rio de Janeiro e acompanhou o jogo ao lado do filho, Felipe, no camarote do casal de apresentadores da TV Globo Luciano Huck e Angélica.

ANDERSON SILVA
Chris Weidman enviou uma onda de choque através das artes marciais mistas ontem, parando Anderson Silva no segundo round do evento principal do UFC 162 para se tornar o novo campeão dos médios.

Caíram, abraçados, os dois últimos heróis brasileiros. O ministro, baluarte do combate à corrupção, vestido com sua capa preta de santo intocável, balançou-se tanto no encosto de sua cadeira, inspirando mais ainda nos mais apressados, a idéia do homem que sofre dores terríveis pelo seu país. O caçador de corruptos foi pego pela própria imprensa que o criou como ídolo. Agora, Batman, o candidato a presidente preferido pelo Facebook vai poder baixar a bola, descer do salto da boçalidade e se igualar ao mais odiado dos mortais: Renan Calheiros. O Morcegão voou nas asas da Panair, com NOSSO dinheiro!
O outro herói, Spider, acostumado a lutar contra uns pés de chinelos, se deparou com um lutador de verdade e foi humilhado. Apresentou no ringue a mesma arrogância e boçalidade dos heróis fajutos. Os "salvadores da pátria", os heróis fabricados pelos Galvões Buenos da vida, esses tem vida curta, assim como tem vida curta o sonho de quem acredita em ídolos. Da próxima vez, olhem bem para os seus -lá deles- pés: basta uma chuva, uma passeata, uma imprensa menos tendenciosa e eles derretem.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Jalecos, uni-vos!



Há dois movimentos no Brasil: o autêntico, espontâneo, verdadeiro, exemplificado pelo Passe Livre; o outro, foi a ponga da classe média facebukiana, exemplificado pela tentativa pífia de derrubar a presidente. O primeiro, o povo já esqueceu e o segundo, teimam em estender até o fim dos dias. Fui o primeiro, via Facebook,  a apoiar o primeiro e o primeiro a sartar quando vi no que ia dar o segundo, sartando inclusive do próprio. Sou um pequeno burguês, mas me recuso a ser um p.b. facebukiano
O ultimo movimento alimentado nas tetas do Face, foi o ato público dos médicos contra a possível vinda de estrangeiros para o Brasil. Aliás, no Face, só se referem contra a vinda dos médicos cubanos, me fazendo pensar que ninguém se importará se por aqui aportarem os loiros europeus com olhos azuis e sotaques de primeiro mundo. Não! os cubanos, não! virão tomar nossos empregos, tirar a comida das bocas de nossos filhos, podem chegar a ter carros importados, esses malditos comunistas!
Não fui nem vou a passeata nenhuma. Ninguém quer ouvir quando se diz que médicos que quiserem vir terão de passar pelo Revalida, que é a a prova de sua capacidade de exercer sua (nossa) profissão em qualquer lugar do mundo. Podem vir de Cuba, dos Confins do Inferno, ou podem até mesmo se brasileiros que se formam no exterior, por vários motivos, inclusive por não poderem ingressar no curso médico por causa do famigerado vestibular. E eu não vi NINGUÉM meter o pau no vestibular, só metem o pau na Dilma, não porque ela seja responsável por tudo isso, mas só porque ela não é a Presidente do Facebook. Sou contra a vinda de médicos, advogados, pedreiros, putas que não se qualifiquem ao pisar por aqui. Me preocupa a dificuldade que podem ter os médicos com a linguagem dos doentes brasileiros, ao ouvirem a mãe de um baianinho dizer que o menino está "remessando" ou "provocando" há três dias. Mas um canadense levará  o mesmo tempo que um gaúcho para se adaptar às linguagens regionais. Repito: sou contra a vinda de médicos sem a revalidação dos diplomas, mas o governo está dizendo isso e ninguém  parece ouvir! Vamos continuar lutando por melhores condições de atendimentos à nossa população, sem deixar de, por uma questão de justiça, afirmar que essas atuais condições não foram criadas nos últimos anos, ou como preferem os facebukianos, nos governos dos petralhas. Vamos mudar o foco, sob pena de estarmos alimentando uma "revolução" equivocada.

Curaface



Recado para o senhor Deputado Pastor Marcos Feliciano:

- Há cura para quem é Faceholic!
ESTOU CURADO!!!!!!

quinta-feira, 27 de junho de 2013

P Q R S...




Vou me rebolar. Escrevo dia a dia, e no final corro pra ler o que os amigos escrevem abaixo. Saí do Face com a promessa de mandar as novidades por esse canal já bem usado por mim e que abandonei. Mas amanhã vocês vão me ver de novo por aqui; hoje só passei pra dizer que minha máquina escrevinhadora infernal deu pau e só os observadores mais sagazes puderam perceber o esforço que faço agora para escrever as linhas que vocês leem, sem usar uma vez sequer aquele simbolo gráfico que fica  no meio do S e do U

quarta-feira, 26 de junho de 2013

A volta de quem não foi.



Se arrependimento matasse, estaria Mortinho dos Santos. Saí daqui e fui pro Face, triste troca. Até cheguei a gostar, quando vi meus camaradinhas daqui todos por lá. A troca de figurinha foi ótima, até que sucedeu-se o transbordamento do saco. O troço lá virou Scarface! não me dou mais com a leitura diária do que não me interessa. No blog, a gente escolhe o que ler; no Face, ao rolar a " Página Inicial ", até chegar no que lhe interessa, ou empolga, já se engoliu litros de água salgada. Mensagens religiosas, debates políticos insôssos, animais perdidos e/ou maltratados, brigas de torcidas de times fubegas e fotos de pratos que engordam só de olhar, foram a gota d'água que fizeram o saco transbordar. Chega. Agora, quem quiser ler o que escrevo, venha até aqui, deixe uma mensagem, comente o escrito, mas no Face, se Deus quiser e a polícia deixar, ninguém me pega mais!

xeudizer:

anotações livres, leves, soltas