segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Reveion



Depois do Natal, Reveion, bobagem maior que a outra. Aliás, dou um pelo outro e não quero volta. Ano Novo o que, cara-pálida? O que fazer com o dos chineses ou o dos judeus? Quem me garante que tem troca de ano mermo? e não é só apelo comercial não, é histeria coletiva. Cada ano, mais um milhão se acrescenta à praia de Copacabana; quero ver daqui a dez anos ( quero mermo!) como vai caber doze ou quinze milhões esticando o pescocinho pra riba mode ver os foguetes papocando. E todo mundo de branco; nem eu que sou médico, uso. E o ano é de quem mesmo? oxóssi? oxalá? nunca ouvi dizer que Nanã reinou num ano, é sempre um dos "quatro grandes".


Tô fora definitivamente desses rituais que as pessoas repetem por inércia. Por isso não canto parabéns pra você, só pra não ouvir a segunda parte. Ficar em casa. Não dá nem pra ver TV: tem o Faustão e "a primeira" criancinha a nascer no ano e as indefectíveis "previsões" que todo ano eu juro que vou guardar pra desmascarar os magos e depois vejo que não vale a pena. Bom é dormir e acordar depois que tudo isso já é passado, e o ano, nem mais tão novo assim. Talvez eu é que esteja mais chato do que todo o resto do mundo, não me levem muito a sério. Agora, querem me dar razão? quem aguenta ouvir, no dia primeiro, que " a gente não se vê há um ano?"




foto reveion em salvador: a tarde.com

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Natal



Não há mais sentido em gostar de Natal quando já não somos mais criança. Eu não gosto. Quando "descobri" Papai Noel ( o trauma foi contado aqui), deixei de gostar do Natal. Passei uma fase em que não gostar era pouco, detestava e me recusava a participar de qualquer evento que tivesse vermelho e verde, Noel, jingle bells, neve de isopor, Simone cantando "porque é Natal" até mesmo os votos me esquivava de dar ou receber. Árvore, nem pensar. E as árvores "diferentes"? as peladas arranjadas na rua, toda coberta de algodãozinho simulando as neves do lado de lá do Equador, com bolas somente de uma cor? os presépios "regionalistas" com pedra, pau e bode na beira de um açude? já vi Rei Mago com roupa de couro de vaqueiro. Definitivamente, deixem o Natal só para as crianças.


Hoje estou mais tolerante. Já não detesto mais. Ainda não gosto, mas botei umas bolas coloridas com uns penduricalhos prateados ao lado do Mensageiro do Vento, no pé de canela da porta de casa. Ainda não senti firmeza em arrodear o tronco com luzinhas piscantes. O que mudou? Ah, já sei: o que foi permitido de enfeite e a resistência em cantar Noite Feliz tem um só nome e motivo: Iara. Só não me visto de Papai Noel porque minha neta vai passar o Natal longe de mim...




desenho: miklas29.wordpress.com

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Aquele olhar


Estudante ainda, já garantia algum fazendo audiometria no consultório de meu cunhado na Rua Rui Barbosa. Uma tarde, do meio-fio do passeio da loja Adamastor, esperei os carros darem uma trégua quando o transito fez parar na minha frente um Opala preto com motorista e um velho sentado no banco de trás. O velho ficou a três palmos de mim, se muito. Mãos cruzadas sobre o colo, levantou o rosto e me olhou. Devia ter uns oitenta, com bolsas enormes sob os olhos. Deve ter sido por intermináveis dez segundos aquele olhar penetrante e desconcertante, até o velho abrir um sorriso tão disfarçado que posso apenas tê-lo imaginado, mas foi um olhar de que me lembro até hoje. A face do velho era carregada de uma tranquilidade infinita. Um olhar de mormaço, de olhos opacos de velho, mas vivo como se tivesse vinte anos. Fiquei inquieto; na hora pensei que se tratava de um conhecido mas nos próximos minutos e horas, não conseguia me lembrar de quem se tratava. Assim fiquei a tarde toda. Em casa, comentei com meu pai que me disse ter passado por experiência idêntica.
" -Há muitos anos atrás, no Rio, fui a um comício de candidatos a Presidência. Fiquei próximo ao palanque, e de lá um homem me lançou um olhar firme e terno. Perguntei ao vizinho quem era aquele homem". Alguem respondeu:
" - Aquele é Luis Carlos Prestes!"
Fiquei abestado até à noite quando o noticiário da TV me fez cair a ficha. Naquela manhã havia chegado à Salvador, " o Cavaleiro da Esperança" para participar de um evento qualquer. Na TV, vi o Opala preto e dele saltava o homem velho que a multidão esperava. E eu, de lá, da esquina do Adamastor, fiquei com a lembrança daquele olhar.
foto da web, de luis carlos prestes. autor não identificado.

domingo, 13 de dezembro de 2009

Maracás


Voltei a Maracás depois de 26 anos que de lá saí. Não fui fazer uma volta ao passado, apenas uma visita aos muitos amigos que lá deixei. E uma afilhada, Maíra, nascida em minhas mãos e batizada assim por causa da outra Maíra, a minha. Mas o passado voltou fortíssimo. Todo mundo me recebeu com um ...
"como está gordo!",ou
"cadê Morena?"
"João Paulo ainda é loirinho?"
A casa que construí, fui convidado pelo proprietário a rever; me emocionei de tremer as pernas. O Posto do Funrural onde fazia partos com Detinha que não mais está conosco, a grande falta que me fez a visita. Mas lá estavam todos: Dolores, Rosilda ( teve de sair correndo pro casamento de sua filha Luana, assim chamada também por causa da minha), Zé, Rosilva, Diva, Maribete, Zelina e meu anjo-da-guarda, o compadre Lucas. Todos ainda funcionários da Saúde, fazendo o que fazíamos lá atrás no tempo. Belíssimos profissionais, com quem tenho tanto orgulho de ter trabalhado.
Gostoso dejà vu. Só espero não demorar mais 26 anos para voltar.
Ah! senti falta do frio, disseram que não há mais. Acreditam agora no aquecimento do planeta? depois dessa eu não tenho mais dúvida.
eu e maíra, a afilhada; a cerveja não me deixa lembrar que fez a foto, em 12.11.09

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Eduardo, 2 anos.




Ainda choro como no dia de sua morte. Hoje acordei chorando, me lembrando de meu irmão. Chorei na viagem à Valença, onde o mataram. Choro agora, de quase não conseguir escrever. É um choro de tristeza. Eduardo hoje faria 58 anos e morreu com 56. Era mais velho e morreu mais moço do que eu. Estou mais velho do que ele e isso fere um principio natural, não deveria acontecer. Ninguem da familia se falou hoje. Nenhum telefonema, é um silêncio terrível. E não penso nele somente hoje; nas datas de nascimento e morte, apenas a dor se torna insuportável. Nos outros dias, ah... nos outros dias, sossego minha dor com as lembranças boas que carrego comigo.
eu e eduardo, com as mãos no bolso. foto de meu pai, carnaval de 1959?

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Cores Nomes


Se essa rua, se essa rua fosse minha, eu mandava ninguem mexer em nada! Tinha de ficar assim, o flanboian explodindo nessa cor que ninguem sabe dizer o nome. Pra mim é brique. Minha mãe falava de umas cores estranhas, fúcsia, brique, esta pra mim é brique. Todo dia no meu trajeto pra Valença passo sob esta maravilha que é como por-do-sol: todo dia é diferente. Pena que em breve as flores briques vão-se embora. Mas depois vem as eritrinas, as acácias, as buganvílias ( aqui em casa tem fúcsia e brique) e eu cada dia mais curtindo morar num lugar como esse que me permite ver o que estou mostrando pra vocês.
Um beijo brique.
Um abraço fúcsia.
foto de bernardo da ba-001, valença, em 10.12.09

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Atlas


Ricife, bairro de Boa Viagem, Rua Padre Caradebuceta ( favor ler postagem anterior). Toda hora que saía do prédio em que estava hospedado nesse endereço, dava de cara com a escultura mostrada na foto. É uma angústia que me dá!... Nem questiono a arte em si mas a realidade que mostra!... Fiquei olhando, olhando, tentando saber o porque da angústia. É porque o cara é careca? é pelo peso do trambolho? são as mãos agarradas, crispadas de dor? é porque o bagulhão todo está bem em cima dos ovos? acho que é tudo isso e mais a idéia de que ele vai ficar ali, naquela situação, para todo o sempre!
Não sei se moraria num prédio com uma escultura dessa bem na porta da frente. Mesmo abrindo mão de morar num endereço tão simpático.


foto de bernardo, em 29.11.09. recife.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Ohlinda


Fui ao Ricife dar uma rapidinha. Tão rapidinha foi minha ida, que nem senti se dei. Sei que deu pra sentir foi alívio em conhecer uma cidade agradável, com uma orla de matar a gente de in veja, de sentir vergonha da nossa. Fomos, eu, Vera e Nana, hóspedes de Cris e Bernardo, primo de Vera. Conheci a pequena familia de minha mulher ( pequena se comparada com a minha, a dos surucucus da Bahia). Vó Alice, de 90 e muitos anos, "gostei muito de te conhecer, vó". Ela: eu já lhe conhecia; há alguns anos atrás estive na Bahia e fui à sua casa. Memória ruim, hein?". Passado de vergonha. Sol, vento, praia da Boa Viagem. "Não entre: perigo de ataque de tubarão". Estranho aquela praiona e todo mundo na areia. Por isso gostam tanto de volei. Olinda é Ohlinda. Fui atrás de imagens de santos em arte popular e trouxe quatro; uma Aparecida pintada à migué, que é uma beleza. O curso de Ultrassonografia foi uma bostinha. Ainda bem porque não senti nenhum remorso em abandoná-lo no meio pra ir à Casa da Cultura. Foi mais negócio, mais santinhos pra coleção.


Não podia vir embora sem dar uma de Maria Sampaio; como ficamos na Rua Padre Carapuceiro, rebatizei a rua e ordenava aos taxeiros: "toca pra Rua Padre Caradebuceta!". Riam mas me deixavam no destino certinho. Adorei o Ricife.




eu e vera em ohlinda. foto de nana. 29/11/09

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Recife


Caros dez leitores:

Vou aproveitar mais um episódio de Prisão de Ventre Mental e dar uma paradinha. Vou viajar e volto. Coisa rápida. Afinal, Maria foi pra Itália, Jana pra Austrália, que mal pode haver numa chegadinha até o Ricife? Tipo pronta-resposta: vou sexta, volto domingo. Sábado dia todim numa Jornada de Atualização em Ultrassonografia; à noite, Ricife antigo, acredito. Domingo é dia pra (re)ver Olinda, e só.

Ao menos o assunto de segunda estará garantido.

Té a volta.
foto de heraldo cunha, 2004.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Taxi Pirata.


Meu pai tinha um enfisema pulmonar brabo, resultado de cinco carteiras de cigarro por dia, por mais de 50 anos. Quando reconstruiu a Casa Rôla no Morro de São Paulo, lugar que ele adorava, fretava um barco em Valença que o deixasse na praia, na porta de casa, aliviando sua caminhada sofrida. Sentava na varanda e dali só saía três meses depois, quando acabava o veraneio. Jamais podia ir a qualquer outro lugar no Morro, por motivos óbvios. E se queixava muito, coitado. Tinha até vontade, mas faltava gás. Quando um desavisado lhe perguntava por que não desembarcava na ponte como todo mundo, respondia com humor, que faltava uma coisa no Morro: táxi. Pagaria o que fosse pra circular pela ilha. Como nem se cogitava da presença de veículos por lá, sonhava com um jeguinho manso que lhe deixasse montar e os dois sairiam por lá, certamente com um cigarrinho no canto da boca.
Depois da morte de meu pai, tomei seu lugar. Fumei por 34 anos e herdei um pulmão fraquinho e mesmo depois de 9 anos sem um roliúde, continuo um inútil. Ando só de carro e quando me aventuro nas idas ao Morro ( não consigo me livrar daquele lugar, apesar de tudo ), são duas caminhadas: a chegada e a volta. Não há mais barcos que aceitem frete pra me deixar na praia. Resultado: quando vou, me instalo na varanda e de lá não saio nem que me arranquem. Andei me queixando de minha incapacidade e o sacana do meu genro Eduardo, o Pirata do Morro, me mandou uma foto com a solução pro meu problema, com o escrito:
-Pode vir, já temos táxi no Morro!


foto de eduardo ferraz, o pirata.

sábado, 7 de novembro de 2009

Eles estão por toda parte!






Não. Não se trata da reedição dos Invasores do Espaço, mas de coisa muito pior. Sou fã de frases de para-choques de caminhão e de banheiro público. Cheguei a anotar muitas pra contar aos amigos com aquela sensação de ser o primeiro a contar uma novidade. Há frases primorosas, de uma criatividade que só mesmo nascendo da grande sabedoria popular.
Daí minha grande decepção quando me apresentei para uma mijadinha no mictório do Terminal de Bom Despacho e de todas as paredes pendiam textos como os que se vê na foto acima: frases, versículos, a palavra de Deus que chega aos cagadores. Até ali não nos dão folga. Não bastavamos os folhetinhos distribuidos nas visitas hospitalares, nos pontos de onibus e topics, salas de espera de consultórios. Não. Eles tinham de invadir o ultimo reduto do livre pensar, a verdadeira Terra de Marlboro, o Clube do Bolinha, o nosso território de troca de pensamentos filosóficos e mesmo de nossas brincadeiras sem consequencias, mote pra conversa de mesa de bar. Eles tinham de chegar lá. Estão me forçando a deixar de usar o velho mic já que não dá pra mijar em banheiro público de olhos fechados. Eles sabem de nossos olhos bem abertos, por isso a invasão.
Meu dia só não foi pior porque bem na saída, de rabo de olho, deu pra ler no caixão da porta e numa tinta quase apagada de tão velha, uma pérola dos velhos tempos:

- Rosineide fode mal!


foto de bernardo em 05.11.09, bom despacho.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Menina da Ilha


Esse negócio de aniversário é sério! Eu sou dos que fico de mal se alguem esquecer o meu. Como a aniversariante do dia faz par de jarro comigo neste assunto, venho me programando há um mês pra não esquecer. Fiz bilhete, amarrei o dedo até quase apodrecer, agenda de papel, celular apitando, de um tudo um pouco.

A Menina da Ilha foi embora. Deixou de escrever. Enquanto aguardamos uma "recaída", ficamos relembrando seus textos deliciosamente cheios de humor.

Enquanto isso, deixamos aqui, esperando que ainda seja uma leitora eventual destas mal traçadas, um voto de feliz aniversário.

Menina da Ilha Maisa, nosso abraço.

P.S.: Vera quer marcar uma macarronada com os blogueiros. Traga Vinicius.
foto da menina da ilha feita por vera, nos vestígios da senhorita b.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Rio das Almas

Rio das Almas, fim de tarde. Sentei na beira do rio pra lembrar de minha infância em Nilo. No rio que aqui aparece numa tranquilidade de dar medo, muita gente morreu afogada. Tentavam por a culpa nele, o rio, maldito, traiçoeiro, matador de meninos. Quem olha bem a foto percebe que ele não tem culpa nenhuma. Ele está ali antes de qualquer menino, subindo e descendo com a maré, tranquilo, se entregando ao mar lá adiante. Bem por causa disso tanta gente morria, por se jogar em sua tranquilidade, esquecia que os pés não alcançavam o fundo, aí a correnteza leva. Leva pro fundo, prende nos galhos e devolve dois dias depois pra familia; quando devolve.
Toda esta introdução pra dizer que, quando criança, tinha liberdade pra tudo em Nilo, com as bênçãos de meu pai, menos uma coisa: era absolutamente proibido entrar no Rio de Alma. Os amigos se esbaldavam nos banhos depois de um guerrô, uma picula bem corrida. Eu e meus irmãos ficávamos olhando mas não passava em nossas cabeças desobedecer a ordem, mesmo na ausência do velho. Além do mais, ele tinha olheiros por todo lado, mas nem carecia.
Quarenta anos depois, Lavagem do Bonfim de Nilo, já casado e cheio de filhos, numa cachaça de arrepiar, todos corremos pro rio que estava como nesta foto: lindo, cheio, morno. Foram caindo um a um. Na minha vez, empaquei. Até hoje não sei o gosto daquelas águas. Continuo sentado em sua margem espiando, espiando...
foto de bernardo, em uma tarde de 2009.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

A casa das Frutas.


Trabalho em Valença todos os dias, o dia todo. Ando 90 km pra ir e voltar, daí pensei na possibilidade de morar por lá. Por que não? Descobri, na verdade, que eu queria mesmo era comprar uma casa velha e reformar todinha, coisa que mais gosto na vida, depois de cafuné. Sou um construtor nato e adoro dar esporro em pedreiro, porque eles só querem fazer o que dá na telha lá deles; nossas idéias são sempre extravagantes, exóticas e nunca se encaixam nos padrões arquitetônicos deles.
Pronto. Passei a andar pela cidade, olhando tudo quanto é casa velha que me aparecia na frente, até que me bati com "a casa"! Fica na entrada da cidade, no topo de um morro, no meio de um pasto, totalmente nascente, árvores sombreando, calçamento em torno da casa, dois pavimentos, uma beleza. A placa de "vende-se" me convidou a entrar. Estacionei e o moço que consertava o jardim se dirigiu a mim.
-" O senhor quer comprar a casa?"
-" Me interessei, de repente...com quem trato?"
-"O telefone da placa. Mas o senhor tem certeza de que quer comprar esta casa?"
Comecei a achar que tinha coisa. Malassombrada? Não tinha pinta de que ia desabar. Falta água? é longe da cidade?
-"Por que a pergunta?"
-" Tô vendo que o senhor não é daqui. Isto aqui é o puteiro da cidade. As meninas estão lá em cima."
Me interessei mais ainda e subi. Uma japonesinha, uma magricela e a gerente que fazia chapinha me conduziram ao tour pela casa. Só isso, vou avisando!
A casa é uma horror de mal dividida, cheia de quartinhos, óbvio, e o mais interessante: as pinturas pelas paredes! Mulheres nuas, em posições que não sei como alguem pode achar excitantes, feitas com spray de tinta fosforecente. Nunca vi tanta xoxota acesa na vida. Disseram que o pintor desenhou cada uma delas. Havia uma duzia ou mais de mulheres nuas nas paredes.
Na saída, as meninas curiosas e até certo ponto temerárias com a possibilidade do despejo, perguntaram cruzando os dedos:
-" E aí, vai comprar?"
Acalmei os coraçãozinhos que estavam a ponto de passar pelos batons vermelhos:
-" Gostei muito mas infelizmente não vai dar; minha mulher não vai querer porque, prá comprar, minha unica condição seria deixar as pinturas do jeito que estão".
Fui aplaudido pelas três e pelo jardineiro até lá embaixo, no portão decorado de azulejos.


gravura: quebarato.com

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Cacete Armado IV


NESTE Cacete Armado, eu queria morar para sempre!!!!




foto de barroquinha, nilo peçanha, feita por bernardo em 09/08

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Che Guevara




09 de outubro, data do assassinato de Ernesto Guevara de la Serna.

Para mim, o homem do século XX.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Banho de mar


O Ferry se aproxima do atracadouro e a cena me chama a atenção: sexta-feira, quatro da tarde, o sol já frio, nas pedras dos fundos da Feira de S.Joaquim, três homens* e uma garrafa. Não tem areia, toalha, barraca, mulher, pagodinho, criança, cachorro, nada! Só os três homens e uma garrafa, provavelmente ou certamente de batida de limão. Estão de cuecas, nem aí. Uma camisa em rodilha sobre uma pedra segura a garrafa, o centro da farra. É uma cena improvável mas está lá. O Ferry berra seu apito de chegada. Olho em volta e percebo que ninguém vê a cena que só eu vejo e , claro, me calo como um comparsa dos farristas. É esta a idéia deles: estar invisíveis, tomar sua batidinha, dar uns mergulhos, um caldo no amigo, umas piadas de putaria, tirar o sal lá na barraca e ir pra casa felizes até serem interrogados pelas desconfiadas patroas que não engolem o bafo e, muito menos, as cuecas molhadas. Mas aí já foram felizes.
Me deu vontade de pular do ferry.

* só dois são vistos na foto; o terceiro foi mais rápido que eu e deu um mergulho espetacular.



foto de celular é phoda...fiz em 02/10/09

Maluco Beleza


Chego à capital na boquinha da noite e me deparo com esta figura que consegui captar com o celular. É susto em cima de susto nesta cidade. Eu já estava desacostumado a ver essas figurinhas carimbadas. No meu tempo, quando a cidade da Bahia era que nem cidade do interior, é que tinha uma ruma: Jacaré, Mulher de Roxo, Oligo, O Mágico. Já este de agora, me disseram, chamam Bin Laden. Parece. A figura diminuiu a velocidade, olhou pra mim, polegar pra cima, sorriso simpático. Tá mais pra Raulzito. Bin Laden é baixo astral. Os cachorros, tão concentrados, nem me olharam quando o flash pipocou. Acelerou e sumiu na noite, as orelhas dos cães balançando.
Me animei um pouco mais com a cidade que começo a desgostar...


foto de bernardo em 02/10/09.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Mulher Maravilha. Nem tanto...


As ultimas eleições trouxeram ventos novos para o sul: quatro mulheres foram eleitas, todas com o mote de que, pela primeira vez na região as mulheres iriam provar que administram melhor que os homens. Sempre desconfio das generalizações mas, por outro lado, sempre quis que as mulheres provassem que são capazes, sim, mesmo que não precisem se comparar aos homens. Quase um ano se passou. Não sei como estão as companhêras lá do eixo oeste; quanto as daqui do leste, saiu uma pesquisa esta semana publicada por um jornal de Valença ( MAPE/ Costa do Dendê ), dando conta que uma está em primeiro lugar mas em desaprovação, com 84 % de rejeição; a outra, um pouco mais modesta, amarga 64 %, tambem de rejeição, diga-se. O que aconteceu com as mulheres ou melhor, com estas mulheres? Para alívio da torcida, descobrimos que nada do que está acontecendo se relaciona ao gênero. Tentei raciocinar que teria a ver com os partidos a que estão filiadas. Negativo. Uma, a campeã, filiou-se ao PT no apagar das luzes do prazo para filiação; a outra, velha militante do mais velho ainda PMDB. A imagem perfeita da tragédia estadual em miniatura. No frigir dos ovos, até os partidos políticos se safaram, sem culpa alguma. Um dos prefeitos melhor avaliado, é do PT e outro, do Pefelê disfarçado de Dem. Conta-se à boca pequena que se trata de questão de foro intimo. Uma prefeita pintou a cidade toda de laranja e entregou o mandato ao marido, cassado e inelegível por improbidade administrativa. A outra, por coincidência, pintou sua cidade com a mesma cor e entregou o mandato à família. Prefeitas e laranjas, uma combinação perfeita e, pelo visto, nem um pouco aceita.
foto da web

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Cacete Armado IV


De todos, até aqui, o mais original. O nome: Fique Lindo! Tá meio apagado, raspado, lascado, mas é este o nome. Os desenhos do pente e da tesoura não deixam dúvidas: uma barbearia. Este Cacete me foi entregue de bandeja por Robertinho, meu sobrinho; fica em Taperoá, numa rua da periferia. Periferia de Taperoá! Bob me parou na rua às gargalhadas e me entregou. Manobrei meu caminhão, dei uma volta, entrei em beco, saí em beco, me dei numa rua que mal cabia meu possante mas fui e fotografei, para o deleite dos meus oito leitores.

Esta foto poderia vir sem legenda ou comentário, ela fala por si.

Eu sou louco por Cacete Armado.

Até o próximo.



foto de bernardo em 24/09/09

domingo, 20 de setembro de 2009

Domingão


  • Me arranquei tarde da cama, arrastei até a sala achando que ia morrer de preguiça. Vera, que é mais animada do que coceira, me intimou a caminhar na praia. Eu fui. Pra que? Piatã, a ex-praia dos caminhoneiros, atual praia dos pagodeiros. O guardador de carro pede 5,0 adiantado. Nem com a porra! Dou um e quando voltar, só pra não ter o carro arranhado. Cada barraca tenta fazer seu "som" sobressair sobre os outros. Acho que a música é a mesma, só muda o "arranjo". Maré seca, campo de baba. Primeiro campo: Com camisa X Sem Camisa; placar de baba: 12 x 8. Salvavidas atentos, as bandeiras vermelhas e todos no mar, inclusive as crianças, algumas longe dos pais. Gente pra caralho, são 10:30 h. As areias marrons ( quem disse que são brancas?) encardidas, socadas. Frescobol. Um capoeirista se exibe. Um menino passa chupando um palito, o sorvete escorrendo até o cotovelo, um colar de umbu com areia até o umbigo; a mãe passa bronzeador num pitibói e se derrete toda. Muitos caminham, como nós. Ah! um som mais legal! vem da barraca dos jurados do campeonato de surfe. Taí uma meninada bonita! Dois km, as costas doem. Terceira Ponte, o esgoto corre, o bodum sobe. Dois km de volta. O sol está quente e eu não estou mais acostumado. A nada disso.

    Quem tem Morro de S. Paulo, que diabo vai fazer ali?

    Com a praia lotada, entendi que eu é que estou por fora. Pra quem gosta, é um prato cheio! Com dendê. E alguma frutarosca.


    foto:bahiatursa.gov.br

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Iara

...foi quando a Iara deixou as águas doces e se aventurou a mandar nos ventos de Iansã, a revirar as águas de Iemanjá.
Eu vi.
iara fotografada por bernardo em 07.09.09

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Elizabeth


Ando de saco cheio de uma tal Elizabeth. Feia e chata. Nada contra as feias, mas contra chatos, contra Elizabeth. Ultimamente tenho me encontrado bastante com a dita cuja, que mal me responde os cumprimentos que insisto em dar, claro, afinal sou uma pessoa fina.


Anteontem Elizabeth se bateu comigo e virou a cara. Foi a gota d'água. Aquele gesto deve ser interpretado como o rompimento definitivo. Adeus, Elizabeth. Horas depois soube que a Elizabeth ( ela pronuncia como em inglês de booth, bath, youth, a cretina )me deu uma esculhambada com pessoas do meu circulo de trabalho. Eu não disse nada porque sou finíssimo mas fiquei puto. Nem 10 minutos depois fui dar uma mijadinha e quando levantei a tampa da privada ( lembram que sou fino?) me deparei com a marca da latrina. Não resisti a uma foto. Agora é torcer para Elizabeth ler meu blogue, o que acho pouco provável, mas o importante é que emoções eu já vivi...
PS.: quem estiver mal das vistas, clique na foto para ampliar e ler a marca.

foto de elizabeth, de bernardo em 09.09.09

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Cacete Armado III


Quando botei os olhos, soube que tinha de procurar o proprietário. Bati e me atendeu um homem ainda jovem, que da porta não passou. Sandália japonesa, bermuda estampada com a barra branca. O cabelo tinha o corte Xitãozinho e meio cigarro apagado bem acomodado atrás da orelha. Ficou visivelmente feliz quando demonstrei gostar da pintura da fachada.
-"Eu mesmo pintei; a navalha, os pentes e a tesoura, pintei olhando. O arvoredo, tirei da memória, de meus cadernos de escola".
-" Fiquei pensando em como surgiu o nome..."
-" Filhinho do papai? tem nome mais bonito?"
-" E o movimento? beira de estrada..."
-"Melhorou muito depois que virou buteco".
E eu pensando que seria uma história fascinante...
foto de bernardo, em 09.09.09

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Sobre cada um




Um ano convivendo com uma sombra, com uma habitante das nuvens. Sem rosto, me permitiu imaginar vários. Engraçado que a depender do texto, via um rosto da Aeronauta. Sua irmã foi soltando dicas em doses homeopáticas. Ela própria, sem querer ( seria? ), foi se entregando aos pouquinhos, numa entrega sofrida ( me confessaria no dia em que nos conhecemos ) e indecisa. Digo-não digo, conto-não conto. Até que se quebrou o encanto. Quando a Menina da Ilha me apresentou Aeronauta no lançamento dos livros de Maria e Nilson, tomei um choque. Nos abraçamos longamente, como duas pessoas que não se viam há tempo. Não nos víamos há todos os tempos. Como ver alguem como Aeronauta, a que habita as nuvens e solta textos belíssimos sobre nós, os mortais, os com-nomes, os com-rostos?
Agora tudo muda. Não sei se pra melhor ou pior, só sei que de agora por diante, qualquer que seja o texto escrito por ****** *****, a de dois nomes próprios, a que carrega um nome que gosta e outro que lembra a inimiga da própria mãe, este texto terá o rosto que vi, quase acuada de medo, tremendo, tentando se esconder numa estante de livros, se mudando das nuvens para as letras, lugares mais do que prováveis de ser encontrada. Seria esta a forma de continuar oculta? Duvido. Mais dia, menos dia, as duas se encontrarão por definitivo e juntarão o que cada uma pode ser.
Sempre gostei muito dos textos escritos por Aeronauta. Ela é um dos meus ídolos das letras. Vai continuar sendo. A diferença agora é que ela vai ter de se acostumar com o fato de que gostei muito da outra tambem.
gravura: mulher ao espelho, de picasso

Sobre cada um



Me avisou que ia pro lançamento dos livros de Maria e Nilson. Eu também fui. Finalmente a conheci. Janaina é uma menina. Doce, doce, doce. É muito diferente do que imaginava e não me lembrava mais de uma foto que vimos por aqui nos blogues. Simpática, se apresentou e no mesmo instante, estava intima de mim e Vera. Dispensou a família pra ficar mais um pouco com a gente. Elegante pra caramba, exatamente por ser extremamente simples, nem parece a diva que é. Tem um sotaque encantador, misturando Bahia, Rio e as Alagoas. Jana é um dos meus ídolos da escrita. Leio seus textos com um interesse incomum. Gosto muito do jeito dela escrever. Suas cartas de tarô tem sido minhas guias, suas viagens, minhas viagens, o nome do seu filho Bernardo, nosso traço de união.

Jana nos encantou. Vamos fazer de um tudo para nos encontrarmos mais, ou aqui ou lá em Maceiócio. Jana é mais uma e-amiga que encarnou, e desta vez foi como num truque, num de seus mágicos truques em que acreditamos todos.
foto de janaina captada de seu blogue acreditando no truque.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Eu fui, 2º Ato


A Chegada:


A pirâmide do Rio Vermelho é o máximo. Manobrista na porta, sumiu com meu caminhão, celular/máquina fotográfica dentro. Na porta, D.Clara, beijos, abraços, menino-nunca-mais-te-vi, um monte de gente na fila. De longe, Nilson e Maria excitadíssimos. Marcus me recebe de braços arreganhados, dentes idem. Menina da Ilha me atocalhou, vem ver uma pessoa, era Aeronauta. Finalmente. O encontro, descrevo depois, agora é uma geral. Vera chegou, papo aqui e acolá. Os livros reservados, devidamente separados e já autografados. Eu achei bárbara a idéia, aliviou os autores, a fila, todo mundo. Meus livros, com dedicatórias especiais e ainda ganhei de lambuja um bilhetinho preso na contracapa, da outra prima famosa Renata Belmonte. Fez falta. Ela e Martha. E Miro e Chorik, e Lulli e todos os outros e-amigos. Revi e papeei longamente com a incrível e sempre zen, Ivonete. Foi um barato reencontrar Juliana e André. Guadalupe, linda. E Charlô, parece que dorme no formol: idêntico a 30 anos atrás! Cadê Janaina? cadê Janaina? Conheci Jana, também escrevo depois. O clima estava sensacional, com pessoas bacanas -vi umas duas chatas mas estas não ficaram para a pizza nem baixaram o astral que ficou lá no alto até o cisco. A pizza, compartilhada com as simpaticíssimas Emília e Soraya. Que beleza de pessoas, papo ótimo, humor no ponto! Nota dez para a festa. Disse isso a Marcus, que recusava qualquer insinuação à sua responsabilidade no brilhantismo do evento. Tudo bem, acho mesmo que Maria e Nilson tem brilho, muito brilho pra segurar uma festa daquelas sozinhos mas você, Marcus, me parece o abajur que fica entre o par de jarros no aparador da festa.
foto da livraria tomdosaber: vsvmagazine.com.br

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Eu fui !


A ida:
Me despenquei pelas estradas, fui parado por um guardinha rodoviário que queria prender meu carro porque ainda não paguei o IPVA/09 ( ora, e se eu quiser pagar com multa, posso não? o ano não acaba em dezembro?) mas o que resolveu mesmo foi a carteirada de médico, é infalível! Me liberou com aquele esporrinho mal treinado e não se aguentando mais, perguntou onde eu clinicava.
-"às suas ordens seu guarda!"
- "qual a especialidade do senhor? de repente, posso precisar do doutor..." ( primeiro, tenta conseguir, depois vê onde pode encaixar um atendimento pra ele, o filho, a madame, a mãezinha...).
- "Sou Legista", respondi sem pensar. Liberado sem mais perguntas. Ainda deu pra ouvir o mantra:
- " Deus é mais, Deus é mais, Deus é mais..."
foto da web: www,horapopular.com.br

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Eu vou!


Eu tambem vou e chamo todo mundo pra ir. Dois eventos imperdíveis: o lançamento dos livros dos meninos e o encontros dos blogueiros. Vai ser uma África!
Eu mesmo estou enrolado no xale da doidia; trabalho até às 14 horas, pego a estrada, largo meu carro em Bom Despacho. Atravesso de a pés, Jango me pega do outro lado, passo em casa, jogo uma água na lataria prevendo os abraços, e me mando pra Pirâmide do Rio Vermelho. Durmo na capital, Jango me devolve ao Ferry das 6:00h, pego o carro e vorto pro batente.
Mas vou!
E você aí que não vai suar metade que eu, pensou em não ir por que? Tire a bunda da cadeira a vamulá.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

20 de agosto

Me passei da data em 4 dias. Não devia. Nesse dia fiz exatos nove anos sem fumar. Nove anos! Comecei a fumar com 13 e parei com 47. Nunca imaginei que um dia conseguiria e explico porque: eu simplesmente acho que fumar é a oitava maravilha. Se existe uma coisa boa na vida, é fumar um cigarro. Se conseguisse fumar apenas um ou dois por dia, não parava nunca, mas nunca consegui. Nesses 34 anos de fumo, tragava cerca de 12 cigarros por dia e quando bebia, era uma carteira só na farra. Mas parei. Passei um ano me preparando para a nova vida, muito da chata, sem um cigarrinho. Nove anos depois, tenho duas declarações a fazer: sinto vontade de fumar a cada meia hora de minha vida maledetta. A outra é que voltaria a fumar se soubesse a hora de minha morte: um cigarro e ploft! morria, feliz.
E o que este santo que ilustra o texto tem a ver com as calças? Procurei na internet sobre o dia 20 de agosto porque queria que esta data comemorasse algo bem importante para fazer companhia à minha conquista, e me deparei com o xará acima. Isso mesmo, dia de S. Bernardo! Ainda por cima o santo padroeiro de Alcobaça, terra de meu avô materno, Raul. Quando falei com minha irmã Mena, ela me disse que sabia e que minha mãe escolheu esse dia para me batizar e a ele me consagrou para que me protegesse. E assim foi feito. Com tanto aviso, se não parasse, me fudia.
foto da net.

domingo, 23 de agosto de 2009

Onde estou? II



Rua calçada. Cada pedra vinda de outro mundo, uma luta pra trazer. Meio fio alinhado, mais que madame soçaite. Depois daquela curva, ônibus e vans esperam quem não virá. Os postes são coqueiros sem frutos. Uma casa enorme, duas, três. No passeio, estacas esperam a hora de cercar mais uma propriedade. Mais uma. Carregadores descansam no meio do caminho: vieram de longe, vão pra mais longe ainda. Sobre o morro, uma luz espia e dá a pista.

Não (re)conheço onde estou.


foto de bernardo, em 08.09

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Onde estou?


Mar liso, vento fugido, dia ainda. Navios ao largo, com os olhos esbugalhados. Ao fundo, uma heróica ilha se recolhe, amedrontada. Nós viajamos sem correr, quase pé-ante-pé, com receio de sermos descobertos. O sol, encurralado pela tempestade, ainda resiste. Por quanto tempo?
E eu, no convés, extasiado.
foto de bernardo em 08.09

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Sinos


Me dei conta de um fato que julgava indiscutível: ouvi hoje cedo, de passagem, o sino da igreja do Bonfim de Nilo. Mais tarde, já em Valença, ouvi o sino de lá. O som do de Nilo é que é o verdadeiro. Os outros não chegam nem perto da verdade. Ouvi sinos em vários lugares. Quando estive na Itália, pensei que ouviria lá, pela proximidade com a Igreja, o som verdadeiro. Nem lá. Ouvi taquara rachada, som agudo demais, grave como poucos, blim-blim, blém-blém, blim-blão mas jamais ouvi som igual ao sino da igreja de Senhor do Bonfim de Nilo Peçanha. Conheço toque das horas, das meia-horas, do chamado pra missa, de acompanhar procissão, de aviso de morte. Não saberia reproduzir e nem sei passar gravação aqui pro texto, que nem os meninos fazem ( Marcus, Maria, Chorik). Se soubesse, exibiria aqui pra vocês tudinho, porque sinto assim uma certa pena de vocês não conhecerem o verdadeiro som de um sino.


foto de bernardo, da igreja do senhor do bonfim de nilo peçanha, em 07.09

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Cacete Armado II


-"Meu nome? Norato de Barbina. Tô em riba dos cinquenta e ôtcho e toda vida morei em casa de trabaiadô, de fazenda de patrão. Daí topei com Nêde. Convelsa vai, ela me dixe que ficava mais eu se construixe uma casa cum varanda. Aí eu fiz este sobradim cum varanda no quarto, móde a gente assuntar as lua. Na conjunção da grande a Nedinha fica nos cascos. Premêra vez que fico amaziado. Tô gostano que só. Enrabichado. Só a Nêdinha mermo. Cumpade Salu mermo ficava me dizendo que sou dôdio de fazer casa de dois andar, que ia cair. Caiu? agora fica de olho cumprido purcausa de que a casa dele dá prum barranco e a minha não. As pranta é coisa de Nêde, de purmim não tinha tanta não, só umas espada de ogun pra olho grande..."


foto de bernardo,em 07/09. entroncamento de valença.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Tá doente?



Aeronauta está doente. Não seja a gripe suína e, se for, não se assuste: ano passado morreu, no Brasil, 4.500 pessoas de gripe comum e ninguem fala disso. Escalda-pé, um suadouro, chá de pitanga e paciência. Li seu texto em que fala dos remédios da infancia e me deu vontade de também falar deles, dos remédios da minha infancia.
Aqui em Nilo, com toda a umidade desta área, sobrava Tuberculose. Minha mãe tinha pavor da tísica por ter matado parte de minha familia no inicio do século passado. Como controlar crianças? O jeito era dar remédio preventivo. Todo dia de manhã, descíamos ladeira abaixo, copo na mão para aparar o leite ordenhado na hora. Sinto agora o cheiro daquele leite misturado com o cheiro de bosta do curral. Dois terços leite, um terço espuma. Ladeira acima, em casa, D. Florentina já havia espremido mastruz no pano de prato. Leite verde, cheiro forte, chave apertada na mão pra não devolver em vômito, nariz tapado e...pronto! Arrôto de mastruz até a tarde, na hora do Xarope de Jurubeba feito em casa.
-"Flora, traga a chave que este menino tá com cara que vai amofinar!"
Além destes diários, havia os ocasionais. Maravilha Curativado de Dr Humphreys para qualquer porrada; Lumbrigol, para as próprias, Óleo de Fígado de Bacalhau (Emulsão de Scott), e uma vez ao ano, Óleo de Rícino, que exigia duas chaves na mão. Quando pintava uma gripe, " Tuberculose é gripe mal curada!", injeção de Gadusan (1). Adorava o hálito de eucalipto que ficava por dois dias. Era só tristeza? não. A farmacopéia tinha seus encantos: Biotônico Fontoura que a gente bebia escondido e além da conta ( dava barato!!) e quando os irmão tinham asma, rolava um cigarrinho que meu pai ensinava a tragar e que, piedoso, estendia para mim, o pidão. Hoje prefiro acreditar que se tratava de cannabis e que fui uma criança que fumou maconha autorizada pelo pai. Não tenho do que me queixar.

(1) Meu pai tinha uma técnica de aplicar injeção. A seringa era fervida, junto com as agulhas, no próprio estojo, queimado em álcool. Deixava esfriar, balançando no ar. Espetava a agulha - só a agulha!- na bunda da gente e ficava observando subir sangue. Se não, enroscava a seringa no bocal da agulha e ...pronto, Gadusan pra dentro.
E era meu pai tambem o responsável pela expressão dos tumores até arrancar o carnegão.
gravura in imageshack

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Vô Chimbo


Vez em quando vô Chimbo passava uns dias na fazenda conosco. Da ultima vez eu já dirigia e fui seu motorista. Viagem divertidíssima. Vô Chimbo brandia seu martelo iconoclasta em todas as direções, esculhambando todo mundo:
-" Fulano, vô?"
-" Canalha!"
-" E Sicrano?"
-" Corno! Corníssimo!"
-" E Beltrano?"
-" Aquele, além de canalha, é um energúmeno. Um biltre!
E seguia a viagem. Todo lugarejo que via, por menor que fosse, vô Chimbo queria saber o nome.
-" Tem nome não, meu avô."
-"Como não?! tem que ter! todo lugar tem um nome! Diga que não sabe". Pra não aporrinhar o velho passei a inventar nome pra todo canto. Uma solitária Igreja: "Igreja nova"; um povoado de duas casinhas: "Duas torres"; Uma fazenda: "Santo Inácio", e por aí fui a estrada toda, desde a Bahia até Nilo. Tome-lhe imaginação. Ficou conosco uma semana.
Na volta, vô Chimbo ia quietinho no banco ao meu lado. Espichava a cabecinha pra espiar por cima do painel. Vez em quando ele apontava com o polegar pela janela, e sem olhar, ia dizendo:
-"Santo Inácio"
-"Duas Torres"
-"Igreja Nova"
-"Mata escura"...
Eu não tinha a menor idéia do que ele estava dizendo...


foto: eu e vô chimbo. cedida por maria sampaio.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Sacaneando Chorik


" Da janela lateral
do quarto de dormir..."

Chorik escreveu assim dias atrás e nos mandou a foto de sua janela ( de seu avião, bem entendido!). Ontem, depois de atender meus pacientes, me refestelei na janela lateral do meu consultório do SUS - PS do Entroncamento. Não é bem meu quarto de dormir mas dá pra tirar um sarro do japa! Hi...hi...

Pra aumentar o sarro, é um riacho bem limpinho que passa sob as bananeiras-do-mato e faz a trilha sonora do meu trabalho.

foto de bernardo, em 03.08.09

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Liga dos e-amigos


Não fui. Estou rachado em cruz. Sinto como se tivesse faltado à aula de revisão de anatomia na véspera da prova. Perdi, irremediavelmente. Estavam lá os e-amigos e eu fiquei aqui só pensando em como deve ter sido bom ter reencontrado a thurma. Aí bate o desespero: e se as pessoas não me reconhecerem mais? será que só vão se lembrar das que foram? no próximo encontro, no lançamento do livro de Maria e Nilson, os e-amigos vão fazer uma panelinha e isolar os que não foram? Tô perdido!

Pelo que sei, foram Maria, Nilson, Marcus, Martha e Renata, e alguns representantes das rencas, consortes e agregados. Menos eu...

Tem nada não! na próxima eu vou, dia 1º de setembro. E vou anunciar antes pra que todo mundo me reconheça quando chegar. Meu trunfo sempre foi Maria Sampaio à tiracolo. Agora ela vai estar lá, do outro lado, oposto aos mortais, distribuindo dedicatórias e autógrafos. Meu consolo é que Aeronauta, não o alter ego, a própria, quando chegar, muito menos gente vai reconhecer. Por favor, aérea persona, me sussurre sua identidade e desfilaremos de braços dados, silenciosos e sutis, na noite que deve ser dos e-amigos.
desenhoanimado.org

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Cacete Armado


Acima, o Bar e Restaurante ( o andar superior -atentem às bandeirolas- é a residencia do proprietário) do Entroncamento de Valença, minha parada obrigatória semanal para traçar um milho assado, um queijo coalho, uma jaca, um coco...
Enquanto durar minha prisão de ventre mental, vou mandando algumas pitorescas noticias do meu interior ( em todos os sentidos)
foto de bernardo em 29.07.09

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Homem-lobo


Homem-lobo (para Bernardo Guimarães)

Cheiro da lua,

fuça meu corpo,

ando sonhando

que nem um bicho.

Cheiro das eras,

era uma vez, era uma

lualucinação.


(Essa foi inspirada no conto do lobisomem cagão, de Bernardo Guimarães, do blog Notícias do interior)
NILSON GALVÃO ( direto do Blag )

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Dra Nana




Pode ser que esteja meio fora de moda mas...

MINHA FILHOTA PASSOU NO VESTIBULAR DE MEDICINA!!!!!!

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Lendas Rurais II - Mula Sem Cabeça


Não pretendia mais voltar ao assunto mas, provocado por Aeronauta - Agora quero a história da Mula Sem Cabeça, pensei: por que não? O maior problema é a fidelidade à verdade e a vedade é que eu jamais vi a Mula Sem Cabeça. Mas logo me lembrei que minha comadre Florentina me contou, há anos, de seu encontro com a besta. Fui ontem à casa de Flora.
-" veja, meu compadre,estou tremendo até hoje!"
Muito a contragosto, me contou que nunca mais se bateu com a Sem-nome. Mas sabe quem ela é porque Mula Sem Cabeça é mulher de padre e todo mundo sabe -mas não comenta- que Dona V. foi mulher do frei F. por todo o tempo que ele morou aqui. Depois que ele foi embora, ela sumiu, a mula.
Acreditem, fui procurar minha amiga V. Foi uma longa e difícil conversa mas, evocando o segredo médico, consegui esta declaração:
-" É verdade. Na terceira noite depois de me deitar com F. eu já comecei a cumprir minha sina. Mas há muita história e mentira a respeito da...ela não é sem cabeça; tem cabeça sim mas o fogo que lhe sai das ventas - e quando está gripada piora, é um fogaréu que chega esconder a cabeça". Falou me mostrando duas pequenas manchas na entrada das narinas. "Queimadura! Quando chegava em casa, as pernas doiam de tanto correr por sete povoados...isso toda noite de sexta e toda lua cheia! Nem mula aguenta. Falam que ela come criança...mentira! ela não faz mal a ninguem. Só quem sofre é ela. A maldição já lhe é demais. Os olhares na rua...Ah, meu amigo, é um fardo pesado demais...
-"Por que você não conseguiu se livrar deste fadário?"
-" O padre-amante teria de me amaldiçoar sete vezes antes da missa. E ele me dizia que me amava por demais da conta a ponto de fazer uma sandice dessa. Peferia me ver uma mula a me amaldiçoar. Ou alguem tem de tirar o cabresto da mula. A unica oportunidade que tive foi há muitos anos atrás, quando me bati com Florentina e achei que ela era entendida e ia me ajudar. Correu mais do que eu."
Assim deixei minha velha amiga. Nem desconfiava porque ela é sempre tão abatida, magra, amarela, com hidropisia...
ilustração em www.cactus.com.br

sábado, 11 de julho de 2009

Lendas Urbanas


Sobre o texto do Lobisomem, quem vive ou já viveu no interior, escreveu dizendo que adorou. Quem só vive na cidade, desdenhou, achou engraçadinha a história mas não bota a menor fé. Tanto faz. Eu tambem não acredito nas lendas urbanas: não acredito no Esquartejador de Santa Tereza; ninguem pode matar uma pessoa e esconder a cabeça e as pontas dos dedos para impedir a identificação. Não acredito nem um pingo no Monstro da Graça que matou o pai, a mãe, a avó e o irmão débil mental. E o que dizer do Tarado do Canivete que sairia por aí furando a bunda dos outros na rua? Me desculpem mas é demais, não dá pra acreditar.
Não. Quem não quiser acreditar em Lobisomem, paciência. Deixem ele aqui comigo que a gente se dá muito bem. Inclusive já combinamos, ele não caga mais na minha touceira de açaí.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Lendas rurais: O Lobisomem


Como é: magro, amarelo, olhos vidrados, corpo peludo.

Quem: ultimo de sete filhos ou nascer de compadre e comadre.
Quando: qualquer idade; quando amaldiçoado por pais ou padrinhos.
Onde: quaresma, dias 13, lua cheia. Quando coincidem os tres, é batata.
Maldição: percorrer sete cidades na noite da maldição e voltar antes do galo cantar.

O que come: crianças pagãs, cachorros, sangue humano. Atualmente, galinhas.
O que faz: morde quem aparecer; desvirgina donzelas.
Morre: com tiro no dedo mindinho do pé e com bala melada de cera de vela de altar.
em Lobisomem: Assombração e Realidade-Mª do Rosário T de Lima.

Acordei com um barulho no quintal, de animal grande pisando em casca de carangueijo, já que goiamum, lá em casa, nem pensar. Animal grande não pula muro, então é gente. Pé ante pé, cu no ponto, luz da lua, vi a touceira de açaí se mexer. É ali. Já pulei com o berro engatilhado e um grito pavoroso desses que a gente dá quando está com medo e pensa que pode matar o outro de susto. Nem. O ladrão não se mexeu e nem era ladrão. Era um lobisomem. Com a mão cruzada nos peitos, pálido como só ele mesmo, caiu sentado e balbuciou:
-Quase me mata de susto!
-E eu?
-Mas eu é que sou o lobisomem!
-Mas que diabo você está fazendo aí uma hora desta, já quase na hora de desvirar?
-Dando uma cagadinha; na rua é impossível, nas casas, nem tento. Saí pra comer uma coisinha, me distrai e quase perco a hora. Se desvirar na rua, vão saber quem eu sou. Deixeu desvirar aqui no seu quintal...
-Crendospadre!
-Dotô, então deixa eu ir. Vira pra lá esta bala com cheiro de vela e este punhal que a lua tá mostrando a prata... Já corri as sete cidades e tenho de voltar pra minha casa antes do galo cantar, pra cumprir meu fadário. Levantou e pude ver o montinho de cocô. A fedentina subiu.
-Porreta, você! Pula meu muro, me acorda de madrugada, me dá um susto feladaputa, caga no meu açaí ( sei lá o que vai acontecer com os frutos!) e quer sair de fininho? Não senhor! De graça, não. Cate seu cocô e se pique. Vá desvirar lá em Taperoá, noscambau. E largue minha galinha aí!!!
O bicho fez força nas traseiras e saltou o muro. Dei dois tiros pra cima, nem mirei o pé. Alguem há de ter ouvido e, se perguntado, respondo. Aqui, todo mundo acredita.
Onde já se viu...era só o que me faltava, um lobisomem cagando no meu quintal; e logo na minha touceira de açaí, bem onde, vez em quando na lua cheia, dou uma cagadinha...!
foto da web: www.hotfrog.com.br/trilha do lobisomem. raul, quando viu, me garantiu que foi ele quem fez a foto. vá saber...

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Goiamum*

É isso mesmo o que vocês estão vendo: um goiamum exibido em sua casa. Mais uma imagem inusitada de beira de estrada. Cajaíba,Valença. A casa do goiamum fica acima das casas dos homens. É de ferro e de telha de primeira. Poste de PVC preenchido de concreto, suporte. À prova de terremotos. Pode chover canivete que o goia nem se abala. Não sei de que material é feito, se madeira ou fibra de vidro. É enorme, mais de metro de ponta da pata à outra. A puã é tão grande que engoliria o cachoro chato do vizinho. Ali deve ser um criadouro. Cria-se goiamum para engorda. Goiamum cevado é goiamum gordo. Há quem aprecie. Vera é louca por um goia. Quando vem pra cá, para antes em Marcio e traça quatro. Eu só fico olhando. Não gosto nem de ver o processo de quebrar goiamum no porrete e espirrar aquela aguinha fedorenta que só cai em cima de mim. Depois chegam as moscas. Tô fora. Há também os que não comem goiamum nem sob tortura, são os que acreditam que estes animais comem cadáveres, cavando túneis nos cemitérios. Por vias das dúvidas, prefiro siri. Ah, o caranguejo, acabaram por aqui. Aniquilaram. Exterminaram. Siri, só de encomenda. Goiamum, não; goiamum está ironicamente salvo da extinção. Criado, engordado, de casa nova mas o que o espera é uma panela. E as Veras da vida, vorazes devoradoras de goiamuns.
P.S.: * aprendi assim; alguns insistem em chamar guaiamum ou guaiamu. Infelizmente não encontrei um indio aqui pra tirar minha dúvida.


foto de bernardo em 30.06.09

terça-feira, 30 de junho de 2009

Espantalho




Nas minhas idas e vindas diárias a Valença, me chamava a atenção este troço aí em cima, localizado numa pequena roça em Cajaíba. É, sem dúvida alguma, um espantalho. Eu é que fiquei espantado com o inusitado e inovado objeto. Gostei do troço. Tenho uma inclinação pelo kitsch e este, se supera. Tem uma boneca de plástico, dois sapatos, um chapéu, quatro garrafas e uma sacola. Parei o carro no pseudacostamento apontei o celular e o dono do pedaço apareceu.
-"É o que, moço?"
- "Nada", respondi, "só achei bonito e resolvi fazer uma foto".
-"Só que tá todo mundo gostando tanto que resolvi pedir um ajutório de 5 real por foto".
Recolhi a máquina.
-"Olhando bem, não está tão bonito assim...Bom dia."
Antigamente, quando ainda éramos todos lindos, se usava penico e chifre de boi pra espantar no roçado. E os donos não cobravam. Mudou o espantalho, mudou o dono, eu mudei. Acho que só o espantalho mudou pra melhor.

foto de bernardo em 30.06.09

sábado, 27 de junho de 2009

MJ


Finalmente se cumpriu
o que ele desejou
e buscou por toda sua vida:
não envelhecer.
foto da web

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Lulli, Bruno & Marrone

Eu nunca vi nada igual. Resisti todos os dias a ir à rua ver o São João que não quero ver. De repente me chega Lulli feito uma tiete alucinada e me convence. Fui. Não diria que me arrependi. Matei a saudade da Praça Castro Alves na terça-feira ( nos 70, claro). Gente pra dar de pau.
"-Senhoras e senhores, com vocês, Bruno e Marrooooooooooneeeeeee!!"
Lulli pulava que nem uma guariba. Não sei dizer se excitada com a dupla ou porque se livrou do trabalho por dois dias. Jenipapo faz dessas coisas também.
É assim o São João da maioria das cidades do interior. O daqui, tirando Lulli, foi uma bosta. Ea decoração estava tão bonita...
autorretrato de lulli, no celular; ao fundo, bruno&marrone.

xeudizer:

anotações livres, leves, soltas