Há 39 anos morreu, nesta data, minha madrinha, tia Norma. Já tive oportunidade de escrever aqui mesmo sobre ela, mas nunca será o suficiente. Ela tinha uma relação especial com os parentes, os sobrinhos e comigo, por ser seu afilhado. Gostava muito de presentear. Tive um perfume Lancaster (verdadeiro, claro!) que ela me trouxe da Argentina; uma máquina fotográfica portátil, super-prática, toda de plástico,vinda não me lembro de onde; de sua ultima viagem com Jorge e Zélia, já doente, me deu um relógio russo BOKTOK, que fez o maior sucesso, imaginem, em pleno 1969! Era uma transgressão e tanta possuir e exibir objeto tão comunista. Depois que passou a ficar no leito, em junho/julho, resolvi fazer minha primeira viagem para fora da Bahia: cinco dias em Aracaju. Estudante, sem grana, apelei para a madrinha. Mandou comprar um livro de ouro e todo mundo que ia visitá-la, mandava assinar pra ajudar o afilhado na viagem. Tirei toda a grana que precisava.
Antes houve um episódio mais interessante ainda. Comecei a fumar aos 13 anos e aos 15/16 a pressão aumentou muito na família para largar. Numa visita domingueira à madrinha, me comunicou que estava fazendo uma rifa de um gravador portátil, de rolo, de Maria, ela não queria mais; se eu fosse o sorteado, deixaria de fumar? O desejo de ter aquele gravador, uma pérola da tecnologia, falou mais forte: topei na hora. Vendeu bilhete a torto e a direito, a todo mundo que conhecia. E quem foi o ganhador? Deixei de fumar na hora que recebi o tesouro das mãos dela. Anos depois, soube por Mena que, claro, ela havia manipulado descaradamente o resultado do sorteio para ajudar o afilhado na empreitada, que ela sabia ser tão difícil: fumava até quase queimar as unhas.
Eu não poderia ter tido madrinha melhor.
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foto do blog de maria
8 comentários:
Meu primíssimo, como esquecer cada cosita? E a paca? Beijos.
Norma era realmente uma mulher muito especial!
Espertinha, ela, hein! Manipuladora, sim, mas só para o seu bem! Muito legal. Eu também tenho uma tia Norma. Mas a tua é especial. Especialíssima!
Atualmente, as madrinhas são mães de faz-de-conta (não todas, claro!), mas essa D. Norma teve atitudes de uma verdadeira mãe pra vc. Parabéns, doutor.
O importante é que o pouco tempo que ela passou aqui, deixou muitas lembranças boas para todos vocês. E lhe fez um bem enorme...
N casa de tia Mena tem uma foto dessa, jurava que era ela!
Truque sensacional!
Isso é que é amor de madrinha. A minha é ótima também!
bj
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