Há uns posts atrás me denunciei como uma figura anacrônica, fora deste tempo, quando reconheci que não conheço mais as novas marcas de carro, além das "quatro grandes". Hoje quase tomo vaia dos filhos quando perguntei por minha sandália japonesa. Eles ficaram atônitos por uns segundos até explodirem em gargalhadas. Daí passaram a apontar a quantidade de palavras digamos, fora de uso, que ainda teimo em usar. Acho que devo muito disso à minha convivência com minha prima Maria. Como meu ídolo incontestável, sempe procurei imitá-la e sempre achei o máximo a sua preocupação em guardar o nosso baianês- inclusive, ela é uma das colaboradoras do delicioso e hilário Dicionário de Baianês, de Nivaldo Lariú. Reparem na linguagem dela. Hoje mesmo nos trouxe duas pérolas: cozinhado e matéria-plástica! Adorei! ela chama vento frio de cruviana, FM de Fêmê e lap top de portátil. Ela é o máximo e está coberta de razão. Acho que o baianês está intimamente ligado à conservação das expressões não só antigas, mas próprias de nosso povo. Banda de música ainda é conjunto; esmalte é fátima, sutiã e calcinha já foram aqui denomimados califon e calçola; orinar e obrar não precisam tradução. Maria tá com tudo e não tá prosa. Enquanto isso, vou me arriscando a ouvir ozadias por pedir minha japonesa. Mando tomar no furico. Ou no toba. Ou no fiofó.
Quer saber? Boa noite, Osvaldo!
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foto inbopil.com.br
11 comentários:
Sandália japonesa é a cara de meu pai!(rs) Eu e meu irmão fazemos o mesmo que seus filhos fazem!
adorei!!!
Adorei! Também sou bastante anacrônica e gosto disso. Usar essas palavras traduz um estilo maravilhoso, poético.
adoro nosso baianês e Maria é especial.
até pouco tempo eu ainda chamava super mercado de paes mendonça.
Martha
Sem medo de errar, paes mendonça será sempre. Eu uso sandália japonesa ou KATINA. Sapato de tênis, já não uso calça lee (pesada demais, mas soube que tem umas modernas que parecem de helanca). Acabado o inverno baiano do mês de junho, já não se importa ban-lon nem mais se fabrica japona.
Numa dessas viagens de navio ficamos camaradinhas de uma paulista por nós apelidada de Krupscaia pois enquanto esperávamos nosso embarque ela saltou para o passeio baiano toda de vremeio, vestido, sapato, bolsa e cabelos. Quando nos aprochegamos mais já era Krups. Filha de ingleses, citações na língua pátria a 3 por dois. Pedi, "ó Krupis, tenha pena de mim que só falo baiano"
(fiz um poste)
A-mei o post, Bernardo, e a-mei o comentário de Maria!
Jana baiana, que também diz "sandália japonesa", as que não deformam nem têm cheiro (e NÃO SOU a cara de sua mãe, Renata, tome tento, menina!) e, principalmente, gosta de conservar palavras
Ora, me faça uma garapa... adoro esta temática, também sou das antigas,maravilha, abraço.
aliás, eu mesmo é chinelo japonês (rá rá rá)
que ótimo!!!
Na infância cheguei a alcançar a japonesa, mas sou mais "muderno" e talvez mais "volúvio", como diz Renato Fechine: agora chamo de havaiana. Belo texto. O de baixo tb!
Eu tenho uma tia-prima que também fala assim até hoje. Chama condicionador de creme rinse, absorvente de modes, música de mudinha e por aí vai. Acho ótimo, me acabo de rir.
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