O Ferry se aproxima do atracadouro e a cena me chama a atenção: sexta-feira, quatro da tarde, o sol já frio, nas pedras dos fundos da Feira de S.Joaquim, três homens* e uma garrafa. Não tem areia, toalha, barraca, mulher, pagodinho, criança, cachorro, nada! Só os três homens e uma garrafa, provavelmente ou certamente de batida de limão. Estão de cuecas, nem aí. Uma camisa em rodilha sobre uma pedra segura a garrafa, o centro da farra. É uma cena improvável mas está lá. O Ferry berra seu apito de chegada. Olho em volta e percebo que ninguém vê a cena que só eu vejo e , claro, me calo como um comparsa dos farristas. É esta a idéia deles: estar invisíveis, tomar sua batidinha, dar uns mergulhos, um caldo no amigo, umas piadas de putaria, tirar o sal lá na barraca e ir pra casa felizes até serem interrogados pelas desconfiadas patroas que não engolem o bafo e, muito menos, as cuecas molhadas. Mas aí já foram felizes.
Me deu vontade de pular do ferry.
* só dois são vistos na foto; o terceiro foi mais rápido que eu e deu um mergulho espetacular.
foto de celular é phoda...fiz em 02/10/09
7 comentários:
Cumeno água, como se diz. Bela despojada crônica, como sempre, dotô lubisômi!
Bernardo, vc está virando um paparazzi de primeiríssima qualidade. Tô adorando as cenas da nossa inimitável cidade da Bahia.
beijo
ps:linda a foto da família
Lindo, primo!
Mas aí já foram felizes... É bem isso mesmo!(rs) Adorei!
Bjs,
Renata
Estou adorando sua série "Flanando por Salvador". Abraços.
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Po, preciso me juntar a eles. To precisando de uma batidinha dessa e um banho assim.
Lindo!
Deu pra sentir os respingos que brotaram do mergulho do "terceiro"...
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