Nasci deficiente visual. Até hoje só enxergo por um olho. Ainda por cima, era vesgo. Pense! Consultas e mais consultas com Dr. Papaleo, levado por tia Norma. Nada. Depois ela me levou pra Evandro Castro Lima, recem formado, chegado da Espanha, uma sumidade. Estrabismo consertado, cegueira não. Defeito de fábrica...Desenvolvi os outros sentidos, por isso sempre me refiro às minhas memórias olfativas, auditivas e gustativas. Tudo me veio hoje por conta da casa de tia Norma no Chame-chame. Fui ler Maria e me veio tudo: ainda guardo o cheiro que vinha do jardim da frente do estúdio de tio Mirabeau; lembro do eco que fazia descer correndo a escada de pedra lateral à casa! E o sabor de comer carne de paca assada que minha madrinha Norma fazia pra mim? Fim de semana, ligava: "Becô, vem comer uma paquinha hoje!". Edgar me buscava em casa, no Caquende. Ah, me cartava com todo mundo, não era fácil encontrar essa iguaria na capital! ela me dizia que comprava na feira, tinha um freguês certo. Só depois da sua morte fiquei sabendo que ela me fazia feliz pacas, com carne de porco. Grande tia Norminha. Um dia conto dos vaga-lumes.
quinta-feira, 17 de julho de 2008
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anotações livres, leves, soltas
5 comentários:
Bernando, vc escreve tão bem! Marys lançou o 2º livro, qdo vc vai lançar o seu 2º? Vc acredita que seu livro foi emprestado para várias pessoas e todas adoraram "Morte Abjeta"? Bjs
Primaldo, coisa boa são as boas lembranças. Coisa boa é essa emoção gostosa de termos sido tão amados em nossa infância. Além dos vagalumes não esqueça "arrume tudo, ela vai chegar..."
Beijos da Pirmalda
Acho que vc também não desenvolveu direito o sentido do paladar...kkkkkkkkk. Confundir paca com porco...kkkkkkk
Boa idéia pai, vc tem tantas estórias maravilhosas para contar, deveria escrever um livro !! Mas não deixe o blog de lado ! Tá muito bom !! Quanto a paca...
Através do blogue de Maria, caí aqui. E foi uma queda boa: que textos sensíveis e bem-escritos!
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