Antes de qualquer coisa, quero a garantia de vocês que jamais contarão a ninguem o que vão saber agora, sob pena de eu ser processado por atentado ao pudor ou dano ao patrimônio público.
Nesta madrugada, ladrões renderam o frentista e levaram o Caixa Eletrônico do BB que funciona no Posto de gasolina da minha cidade. Arrancaram, jogaram em cima de uma caminhonete e levaram meu pinico. Eu explico. Eu mijava no Caixa Eletrônico do Banco do Brasil! Sempre, quase diariamente. Explico novamente: eu tenho TOC -Transtorno Obsessivo Compulsivo, tenho mais TOC que Roberto Carlos. E por conta deste disturbio, a gente desenvolve certos rituais sem perceber. Um dia entrei lá pra pagar umas contas. Era noite, tudo calmo, ruas vazias. Antes da senha, uma vontade incontrolável de fazer xixi. Aos 55 anos, não se deve confiar no controle do xixi. Não dá. Ou mijava no Caixa ou nas calças. Escolhi o primeiro. Pronto: estava estabelecido o novo ritual do meu TOC. Passei a mijar em todos os Caixas que frequentei; o de Nazaré das Farinhas, de Piatã, do terminal do Ferry Boat. Desenvolvi uma tecnica: fazia cara de paisagem para a câmera, puxava a cesta de papel com o pé e disparava uma inesperada e interminável mijada. E saía dali com a cara de paisagem maior ainda. Hoje ao chegar no Posto para abastecer, percebi a casinha do Caixa vazia, sem porta, quando os meninos me contaram. Saltei e fui conferir; entrei rodei a salinha e nada! não senti nenhuma vontade de mijar. Nadinha de nada. Corri para a Agência onde há cinco caixas: nada. Uma por uma. Nada. Estou curado!. Corri para casa feliz. Parei o carro, saltei pra abrir o portão e não aguentei: mijei ali mesmo, no pé da grade. Uma mijada longa e prazeirosa. Vamos ver amanhã.